O Estado de S. Paulo, n. 46636, 24/06/2021. Política, p. A4

Presidente pede apuração da PF sobre Miranda e irmão

Lauriberto Pompeu
Gustavo Cortês
Pedro Caramuru


Com ameaças ao deputado Luis Miranda (DEM-DF), o ministro da Secretaria-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, afirmou ontem que o presidente Jair Bolsonaro determinou uma investigação da Polícia Federal sobre o parlamentar e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda. Segundo Onyx, o governo também vai acionar o Ministério Público e a Controladoria-geral da União (CGU).

O motivo são as denúncias sobre um esquema de corrupção na compra de vacina contra covid-19. “Ele vai se entender com Deus e com a gente também”, disse o ministro em pronunciamento no fim da tarde no Palácio do Planalto. “Quero alertar o deputado Luis Miranda que o que foi feito hoje é no mínimo denunciação caluniosa e isso é crime tipificado no Código Penal”, disse Onyx, ressalvando que o alvo da apuração serão os denunciantes, e não as suspeitas de corrupção no governo.

No pronunciamento, em que não permitiu perguntas de jornalistas, Onyx sugeriu que Miranda apresentou documentos falsos para reforçar o relato e, com cópia de um desses papéis na mão, insinuou que foi forjado. “A má-fé é clara, a suspeita da falsificação é forte”, disse.

De acordo com chefe da Secretaria-geral, Luis Ricardo deve ser investigado também por prevaricação pelo ato de “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

Ameaça. O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou o ministro e o acusou de tentar intimidar e coagir uma testemunha. Segundo Renan, a comissão pode até mesmo pedir a prisão do ministro se ele mantiver a postura. Pelo Twitter, Miranda disse que na “sexta-feira o Brasil saberá a verdade”. O deputado irá depor na CPI da Covid ao lado do irmão. / Lauriberto Pompeu, Gustavo Cortês e Pedro Caramuru