O Estado de S. Paulo, n. 46634, 22/06/2021. Metrópole, p. A11

Queiroga promete 1ª dose até setembro

Matheus de Souza


O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ontem que toda a população brasileira acima dos 18 anos deve ser imunizada com a 1.ª dose da vacina contra a covid-19 até setembro. Governadores de diferentes Estados, incluindo o paulista João Doria (PSDB), já haviam feito a mesma promessa ou até previsões mais otimistas. O plano, diz o ministro, é uma meta "bastante razoável". Ele ainda reforçou que, até o fim do ano, toda a população adulta do País também deverá ser vacinada com as duas doses.

No início do mês, Doria havia anunciado que pretende vacinar todos os paulistas até outubro. Poucos dias depois, antecipou o calendário e prometeu todos os moradores do Estado acima de 18 anos com a 1.ª dose até setembro. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) fez a mesma previsão. Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), pretende vacinar os adultos até o fim de agosto e fala em imunizar adolescentes no mês seguinte.

Ao longo da pandemia, a gestão Jair Bolsonaro e gestores estaduais estiveram em lados opostos, principalmente por causa das medidas de distanciamento social e de compra de vacinas. O governo federal tem sido criticado pela demora na compra de imunizantes e por desencorajar a vacinação, colocando em dúvida a eficácia e a segurança dos produtos.

"Pelo ritmo que nossa campanha vem adquirindo nas últimas semanas, no último mês, já é possível antever que toda a população brasileira acima de 18 anos pode ser imunizada com uma dose da vacina até setembro", estimou o ministro em audiência pública na Comissão Externa da Covid-19 do Senado. "E pelas 600 milhões de doses de que já dispomos, é possível antever também que tenhamos a população brasileira acima de 18 anos vacinada até o fim do ano de 2021. O que consideramos, dentro das condições de carência de vacina no mundo, uma meta bastante razoável, e que faz jus à força e à tradição do nosso Programa Nacional de Imunização", completou.

Nos últimos meses, o Brasil teve dificuldades de acelerar a vacinação. E, com o relaxamento das medidas de distanciamento social, tem registrado aumento da média diária de vítimas do vírus, acima de dois mil óbitos (veja ao lado).

Em sua fala inicial na comissão, Queiroga lamentou as 500 mil mortes pela covid e destacou o trabalho do ministério na aquisição de vacinas. De acordo com o ministro, a pasta já traça planos para eventual necessidade de um reforço vacinal contra covid nos próximos anos, mantendo conversas com farmacêuticas como a Pfizer e a Moderna, além dos esforços na produção de uma vacina totalmente nacional contra a doença.

O ministro também disse que, entre os esforços da Saúde para combater a disseminação do vírus, está o início de um nova política de testagem contra doença, afirmando que, além de ser necessária uma testagem maior na atenção primária, dedicada a pacientes sintomáticos, é preciso iniciar a testagem nos assintomáticos em ambientes de grande circulação, como rodoviárias e aeroportos.

Aulas. Queiroga disse que não é necessário que professores tomem as duas doses da vacina contra covid-19 para dar início ao retorno das aulas presenciais. "No meu entendimento, não é fundamental que todos os professores estejam imunizados com duas doses para o retorno das aulas. Com a estratégia adequada de testagem, podemos compatibilizar o retorno das aulas com a identificação dos casos positivos, e a partir daí ter já no segundo semestre o retorno de aulas", argumentou.

Novo prazo

"É possível antever que toda a população brasileira acima de 18 anos pode ser imunizada com uma dose da vacina até setembro."

Marcelo Queiroga

Ministro da Saúde