Título: Acusado por mensalão atende até Câmara do DF
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 30/06/2005, Brasília, p. D5

Desde julho de 2003, parte das campanhas publicitárias da Câmara Legislativa são produzidas pela SMP&B Comunicação Ltda, empresa envolvida no escândalo do mensalão, o pagamento de R$ 30 mil feito pelo PT a parlamentares da base de apoio do governo federal. Contratada por meio de uma licitação - pela qual também foi aprovada a M.Cohen Propaganda Ltda, conhecida como Futura - a SMP&B teria recebido R$ 5,366 milhões da Câmara no ano passado para serviços de divulgação da Casa na mídia. À Futura teriam sido destinados um pouco mais, R$ 7,228 milhões. Os dados foram jogados ontem ao microfone pelo deputado distrital Chico Vigilante (do PT, justamente o partido acusado pelo mensalão), durante discurso na sessão extraordinária, pela manhã. E agitou os parlamentares. Marcos Valério de Souza, sócio da SMP&B é apontado pelo presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, como operador financeiro do mensalão, idealizado, segundo Jefferson, pelo então ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Um dos maiores aliados de Dirceu no DF, Vigilante subiu à tribuna para defender o partido.

- Não vou ficar assistindo ao meu PT ser atacado como se estivesse envolvido em corrupção. Defendo que se investigue tudo, em todos os locais. - disse o distrital.

Apesar das ligações da SMP&B com as denúncias de corrupção, não há indícios de irregularidades no Legislativo local. Aliás, além da Câmara Legislativa, a empresa de Marcos Valério tem contas com diversos governos e assembléias legislativas em todo o País, além de estatais.

De acordo com o porta-voz Paulo Fona, a empresa começou a prestar serviço no DF em 2003, e foi escolhida por meio de licitação. Um ano depois, após nova concorrência entre 16 participantes, ela permaneceu com a conta, dividindo a aplicação de R$ 92 milhões com as empresas Stylus, RC e a Mr Brain.

O distrital Benício Tavares (PMDB), presidente da Casa à época das licitações, garante que não houve irregularidades. O presidente é quem apresenta o plano de mídia e define quanto caberá a cada empresa vencedora da concorrência.

- Não consigo enxergar onde possa ter havido problemas. Se há essa discussão agora com um partido, é problema de partido - defendeu Benício.

Fona também ressalta que, por parte das contas com o governo, não há qualquer suspeição.