O Estado de S. Paulo, n. 46629, 17/06/2021. Metrópole, p. A15

Butantan detecta 19 variantes do novo coronavírus no Estado
Paula Felix


A primeira edição de um mapeamento realizado pelo Instituto Butantan apontou a circulação de 19 variantes do novo coronavírus no Estado de São Paulo. Segundo os dados, coletados em laboratórios públicos e privados, a variante Gama (P.1), identificada pela primeira vez em Manaus, é predominante, mas há registros da Alfa (identificada no Reino Unido) e da  B.1.1.28, que originou a Gama.

Hoje, 9.o instituto lança o boletim epidemiológico da Rede de Alertas das Variantes, que será atualizado semanalmente e terá como foco detectar as cepas em circulação em São Paulo. Os dados são obtidos por meio do sequenciamento genômico de parte dos testes com resultado positivo realizados pelo Butantan e pelos laboratórios que integram a rede. Para especialistas, a transmissão descontrolada do vírus pode transformar o Brasil numa "fábrica" de mutações do vírus. 

Esse primeiro levantamento do Butantan utilizou dados de janeiro até o dia 29 de maio (21ª semana epidemiológica) e apontou que a variante Gama corresponde a 89,9% dos casos avaliados. A Alfa representa 4,2% e a  B.1.1.28, 3,5%. "Foram sequenciados 4.812 (0,58%) genomas completos de 834.114 (39,2%) casos positivos", informa o instituto.  O  Departamento Regional de Saúde (DRS) da Grande São Paulo teve o maior número de variantes identificadas, totalizando 13. Na sequência, vieram a DRS Sorocaba e a DRS Campinas, com oito e sete variantes, respectivamente.

Segundo o Butantan, o boletim vai permitir o acompanhamento da distribuição e evolução temporal da incidência das variantes, testes realizados por região, amostras positivas e o porcentual de resultados positivos encaminhados para sequenciamento genômico. Será possível ainda ver as frequências absolutas e relativas das linhagens do vírus por Departamento Regional de Saúde. Os parceiros da rede são: Hemocentro de Ribeirão Preto/FMRP-USP, Mendelics, FZEA-USP/Pirassununga, Centro de Genômica Funcional (ESALQ-USP)/Piracicaba, Faculdade de Ciências Agrônomas UNESP/Botucatu e FAMERP São José do Rio Preto.

Balanço. De acordo com o secretário paulista de Saúde, Jean Gorinchteyn, a taxa de ocupação de UTI no Estado está em 82% e é de 79% na grande São Paulo.  O Estado tem 3.509.967 casos e 119.905 óbitos. Comparando a semana passada com a semana retrasada, o número de casos da doença apresentou queda de 5,9%, mas as internações e óbitos cresceram 2,6% e 26,6%, respectivamete. Sobre os óbitos, Gorinchteyn informou que o aumento pode estar relacionado com o represamento de dados no feriado.