Correio Braziliense, n. 21459, 17/12/2021. Economia, p. 7

Aposentadorias: reajuste de 10%

Fernanda Strickland
Gabriela Chabalgoity


As aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) deverão receber uma correção próxima de 10% em janeiro. A estimativa leva em conta a previsão de aumento do Índice de Preços ao Consumidor (INPC) neste ano. O indicador é usado para atualizar os benefícios previdenciários e o salário mínimo, entre outros valores.  

Segundo previsão da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, o INPC deverá subir 10,04% neste ano. Até novembro, a alta estava em 9,36%. Se a previsão se confirmar, o salário mínimo, em janeiro, passaria dos atuais R$ 1.100 para R$ 1.210,44. O mesmo percentual seria aplicado aos benefícios previdenciários, e o teto das aposentadorias pagas pelo INSS subiria de R$ 6.433,57 para R$ 7.076,93.

Em documento de revisão do projeto da Lei Orçamentária Anual (Ploa), enviado ao Congresso no último dia 9, porém, o governo estimou o valor do novo salário mínimo em R$ 1.210, ou seja, um reajuste de 10%. Seja como for, a correção, segundo especialistas, não vai representar um aumento real do poder de compra de quem ganha o mínimo ou dos beneficiários da Previdência, mas apenas a reposição dos valores corroídos pela inflação.  

Os benefícios com reajuste começarão a ser pagos em 25 de janeiro, conforme calendário divulgado pelo INSS. Quem ganha um salário mínimo recebe primeiro, entre 25 de janeiro e 7 de fevereiro. Já quem tem benefício maior terá o pagamento entre 1º e 7 de fevereiro, conforme o número final do cartão do INSS, sem o dígito verificador.

Defasagem

A advogada especialista em direito previdenciário Hanna Gomes observou que, “quanto maior a inflação, mais o Estado deve prover as necessidades básicas do cidadão”.

Para o advogado previdenciário Rogério Fontele, as aposentadorias não vêm sendo corrigidas como deveriam. “Uma correção de 10% é  razoável. No entanto, em anos anteriores não houve reajuste de acordo com a inflação real. Por isso a perda dos aposentados é bem maior do que o aumento previsto”, afirmou.

Apesar de esperar que o reajuste faça alguma diferença no bolso, o aposentado Kleber Carvalho disse achar difícil que seja algo muito impactante. “Infelizmente, não vai mudar muita coisa. O combustível subiu mais de 50%, por isso os 10% não cobrem esses aumentos, e a gente não consegue manter o mesmo estilo de vida”, lamentou.

Segundo o aposentado, outros gastos essenciais também sofreram aumentos que não devem ser compensados pela correção do INSS. “O plano de saúde  subiu bem mais do que 10%, e não consigo manter o plano que tínhamos porque o valor está muito alto. Essa é a realidade de muitos amigos meus, que agora apelam para a saúde pública mesmo”, finalizou.

* Estagiárias sob supervisão de Odail Figueiredo

Expectativa

Salário mínimo e aposentadorias podem ter reajuste de cerca de 10% em janeiro. Alta, porém, não significa aumento real, mas apenas reposição do poder de compra 

» De acordo com estimativa do Ministério da Economia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) terá aumento de 10,04% neste ano.

» Se a previsão for confirmada, o salário mínimo, a partir de janeiro, passará dos atuais R$ 1.100 para R$ 1.210,44.

» Na revisão do projeto da Lei Orçamentária (Ploa) de 2022, encaminhado ao Congresso no último dia 9, o governo, no entanto, estima o novo salário mínimo em R$ 1.210.

» As aposentadorias também serão corrigida pelo INPC. Se o índice for de 10,04%, o teto dos benefícios subirá de R$ 6.433,57 para R$ 7.079,50.