Correio Braziliense, n. 21488, 15/01/2022. Brasil, p. 5

Anvisa analisa autoexame

Taísa Medeiros
Gabriela Bernardes*


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu somente ontem os documentos sobre o pedido de liberação do autoteste TR-Ag contra a covid-19 que o Ministério da Saúde anunciou ter remetido na noite da última quinta-feira. Isso porque, inicialmente, a autarquia disse, de manhã, que não havia recebido a solicitação da pasta. Horas depois, acusou o recebimento da nota técnica, que chegou à Anvisa pelo sistema de peticionamento via SEI.

“O documento está com a Gerência-Geral de Tecnologia de Produtos para Saúde (GGTPS) para prosseguir com a análise”, anunciou. Com isto, a Anvisa oficializa o início dos trabalhos para a liberação da comercialização do autoexame, que já é utilizado em diversos países. O Ministério da Saúde vinha sendo pressionado a realizar a solicitação devido à explosão da demanda por análises, causada pelo avanço da variante ômicron e do surto do vírus da influenza (H2N3).

Prefeituras e secretarias de saúde lutam contra a falta de estoque de testes para a detecção dos agentes infecciosos e a dificuldade no sistema público fez com que o problema chegasse ao setor de medicina privada e de farmácias. Houve registros de falta de exames no Distrito Federal e em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo.

O autoteste permitiria uma distribuição mais ampla para agilizar a detecção do coronavírus. Com a praticidade de poder ser realizado em casa, o paciente consegue recolher a sua própria amostra de swab nasal, seguindo as instruções de uso. Todos os materiais necessários para realizar o exame — como instruções, cotonetes, dispositivos de teste e reagentes — são fornecidos na embalagem. O resultado sai em até 15 minutos.

Informação precisa

O ministério considera que o uso do TR-Ag pode ser uma estratégia para tornar as estatísticas da doença mais fidedignas. Uma vez detectada a presença do novo coronavírus no organismo, o infectado pode iniciar o isolamento e a interrupção da cadeia de transmissão.

Diante da liberação do autoteste, a Anvisa emitiu um comunicado alertando o governo federal para a necessidade de se criar uma política pública de saúde para orientar a população sobre como realizar o exame e como proceder com o resultado positivo. “Os TR-Ag fazem parte de uma política de saúde pública consolidada pelo MS, de forma que o autoteste deverá ser utilizado complementarmente, como estratégia de triagem”, argumentou o ministério.

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi