O Estado de S. Paulo, n. 46621, 09/06/2021. Política, p. A4

Ministro cita números imprecisos sobre vacinas

Alessandra Monnerat
Pedro Prata
Samuel Lima
Victor Pinheiro


Ao depor na CPI, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou dados imprecisos sobre vacinação para a covid-19. Confira a checagem:

“O Brasil, no ranking mundial da Our World in Data, é o terceiro país que mais aplicou a primeira dose de vacina: Estados Unidos, Índia e Brasil.”

A exemplo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro cita dados sem contexto para difundir a versão fantasiosa de que o Brasil está entre os países mais eficientes na vacinação contra covid-19. Em números absolutos, o Brasil também está entre os países com maior número de pessoas sem nenhuma dose da vacina (é o sexto, com cerca de 163,7 milhões). Em termos proporcionais, o Brasil é o 50º país que mais aplicou a 1ª dose (23% da população) e o 57º que mais aplicou a 2ª dose (11% da população). Os dados são da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford.

“Policiais que estão na linha de frente já são considerados grupos prioritários, e 40% deste grupo já recebeu doses de vacinas.”

A porcentagem citada pelo ministro é imprecisa. Segundo dados do Localiza SUS, 55,5% do grupo prioritário de forças de segurança foi vacinado com uma dose e 16,7% com duas.

“Na Copa América, são 650 indivíduos envolvidos, entre jogadores e comissão técnica.”

Queiroga subestima o número de pessoas envolvidas com a Copa América. O número de 650 indivíduos é feito com base na delegação de atletas e comissão técnica das 10 seleções sulamericanas, mas ignora outros atores, como profissionais de apoio, dirigentes e jornalistas.

“82% dos indígenas tomaram a primeira dose e 71% dos indígenas tomaram a segunda dose – e aqui eu me refiro aos indígenas aldeados, não é?”

Os dados coincidem com informações do Localiza SUS. De acordo com a pasta, de 408 mil indígenas que compõem o público-alvo de vacinação, mais de 333 mil receberam a primeira dose, e 288 mil foram submetidos à segunda aplicação.

O Estadão Verifica entrou em contato com o Ministério da Saúde mas não teve resposta até a conclusão desta edição. / Alessandra Monnerat, Pedro Prata, Samuel Lima e Victor Pinheiro