O Estado de São Paulo, n. 46741, 07/10/2021. Política p.A4

 

Bolsonaro diz que vai depor à PF de forma presencial

Weslley Galzo

 

Minutos antes do início da sessão de ontem no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro, por meio do advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, informou ao ministro Alexandre de Moraes que prestará pessoalmente depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura se houve interferência política do chefe do Executivo na corporação – conforme denunciou o ex-ministro Sérgio Moro. Com isso, Moraes solicitou a suspensão do julgamento em que a Corte analisaria a forma de depoimento do presidente.

No documento, Bolsonaro diz que a medida foi tomada com o "intuito da plena colaboração" com a Corte e pede "que lhe seja facultada a possibilidade de ser inquirido em local, dia e hora previamente ajustados".

A tendência no tribunal era de que fosse mantido o entendimento do ministro aposentado Celso de Mello, que, em setembro do ano passado, determinou que o depoimento fosse presencial. Dois meses depois, Bolsonaro disse ao STF que "declinava do meio de defesa". A indefinição travou o inquérito por um ano. Em julho, Moraes determinou que a PF retomasse as investigações.

O depoimento de Bolsonaro é a única etapa que falta para a conclusão do inquérito. Assim que for finalizado, o relatório da PF será encaminhado à Procuradoria-geral da República (PGR), a quem cabe decidir se há ou não base para a apresentação de uma denúncia.

Ex-ministro. A defesa de Moro afirmou ontem que, ao se antecipar ao julgamento do Supremo, o presidente Jair Bolsonaro tentou "esvaziar" a análise do caso pela Corte. "Esse posicionamento somente confirma a procedência da tese defendida", afirmou o advogado Rodrigo Sánchez Rios.