Correio Braziliense, n. 21486, 13/01/2022. Economia, p. 10

Cresce movimento por reajuste



O governo continua ignorando tentativas de negociação dos servidores que querem reajuste salarial. Com isso, ontem, funcionários dos Três Poderes confirmaram a participação na paralisação marcada para a próxima terça-feira. São pelo menos 19 categorias, e a data já havia sido apontada pelo fórum que representa a elite do funcionalismo público. Uma manifestação acontecerá em frente ao Banco Central, pela manhã e, à tarde, no Ministério da Economia. Os sindicalistas esperam que cerca de  mil servidores participem dos atos.

Enquanto isso, servidores em postos de confiança continuam a deixar os cargos em áreas estratégicas. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindifisco) informou ontem que 1.288 cargos já foram entregues no órgão, em protesto dos auditores contra o governo federal.

Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, há uma adesão expressiva ao movimento de integrantes de carreiras dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Além da elite do funcionalismo, também estarão presentes na manifestação da próxima semana servidores representados pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), membros do “carreirão”.

“Estarão conosco os analistas de comércio exterior; servidores do Itamaraty; especialistas em políticas públicas e gestão governamental; auditores fiscais e agropecuários; auditores e técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tesouro Nacional; oficiais da inteligência; servidores das agências reguladoras; funcionários do Banco Central; servidores da Comissão de Valores Mobiliário (CVM); peritos federais agrários; e servidores da Superintendência de Seguros Privados (Susep)”, listou Marques.

Pauta principal

A principal reivindicação dos servidores é a correção salarial. “Uma reposição linear que consiga, pelo menos, cobrir parte do que nós já perdemos com a inflação. Desde a reposição que atingiu a maior parte dos servidores, em 2017, até aqui, nós já perdemos 27% do poder aquisitivo dos salários. Não estamos falando de aumento real, mas de reposição das perdas inflacionárias. Isso é o que estamos cobrando do governo”, disse o presidente do Fonacate.

Marques explicou que, depois da paralisação do próximo dia 18, as categorias terão uma sinalização para novos atos na semana subsequente, nos dias 25 e 26. “Ainda não está decidido se os novos atos serão presenciais ou virtuais. Na primeira semana de fevereiro, vamos discutir com o conjunto do funcionalismo uma possível greve geral na segunda quinzena do mês, caso o governo continue ignorando as tentativas de contato dos servidores, o que pode paralisar serviços essenciais da máquina pública. Por enquanto, esse é o calendário  das mobilizações do serviço público federal”, afirmou. (Israel Medeiros e Fernanda Strickland)