O Estado de S. Paulo, n. 46618, 06/06/2021. Política, p. A4

Ex-assessor confirma 'conselhos' ao presidente

Bruno Ribeiro


O ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub admitiu, em um vídeo postado ontem no Twitter, que se ofereceu para aconselhar o presidente Jair Bolsonaro sobre medicamentos a serem usados para enfrentar a pandemia do coronavírus. Arthur, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, é formado em Direito e foi apontado como um dos líderes do chamado “gabinete paralelo”, formado para orientar o presidente sobre o enfrentamento da crise sanitária.

“Eu, como pesquisador, falei com o presidente, comecei a ler o que existia naquele momento, março de 2020, e não havia vacina, não havia nada. Existia o remédio para malária, que estava começando a se aventar como uma possibilidade. Mas, dentro desse cenário de guerra, era uma possibilidade”, disse.

Sem citar o nome “cloroquina”, Arthur disse que comprou um remédio e o tomou por dois dias. “Fui comentar com o presidente que havia coisas publicadas sobre o assunto e eu estava entrando em contato com médicos, pesquisadores, dessa áreas. E o presidente disse assim: “Olha, você que tem esse histórico (de estudioso), passa a estudar e você vai me trazer o que você for encontrando. E você vai vendo os contatos.”

Arthur disse ter feito contato com outros médicos, ressaltando que, no momento, não havia vacina. O ex-assessor, entretanto, negou que tenha organizado o que vem sendo chamado pelos senadores da CPI da Covid de “gabinete paralelo”. “Eu não organizei gabinete, eu fazia contatos científicos e trazia informações para o presidente. Dentro disso, eu fiz um evento, em agosto de 2020, no Palácio do Planalto, porque eu acabei tendo contato com em torno de 10 mil médicos de linha de frente.”

Os irmãos Weintraub, que hoje moram nos Estados Unidos, defendem, no vídeo, o trabalho realizado por Arthur, dizendo que ele estava apoiando a liberdade dos médicos de escolherem a melhor forma de tratar os pacientes. “Não cheguei a ter nenhum contato com discussão de vacinas. A última vez que atuei nisso foi em agosto de 2020”, afirmou. A demora para a compra das vacinas é um dos pontos centrais das investigações da CPI.