Correio Braziliense, n. 21483, 10/01/2022. Cidades, p. 11

Menor número de homicídios em 22 anos

Darcianne Diogo


O número de homicídios no Distrito Federal é o menor dos últimos 22 anos (de 2000 a 2021). O dado faz parte do Balanço Anual da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), o qual o Correio teve acesso em primeira mão. Entre janeiro e dezembro de 2021, 337 pessoas morreram vítimas de crimes violentos letais intencionais (CVLIs) — homicídios (feminicídio), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Comparado ao mesmo período de 2020, quando registraram-se 411 assassinatos, houve redução de 18%. O levantamento traz dados coletados em grupo de 100 mil habitantes e, nesse caso, o DF registrou 10 homicídios em 2021, índice mais baixo desde 1977, que houve 14/100 mil.

As tentativas de homicídios apresentaram queda na capital do país de 2020 para o último ano: os números diminuíram de 706 para 581, com 125 casos a menos. Em relação aos latrocínios (roubo seguido de morte), a queda foi de 32,2%, de 32 ocorrências, em 2020, para 22 no ano passado.

Secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo atribui a redução aos esforços concentrados no programa DF Mais Seguro. “O trabalho integrado das forças de segurança, bem como o uso da tecnologia e do trabalho de inteligência, foi essencial para os resultados positivos”, destaca. O decreto da criação do DF Mais Seguro foi publicado em março de 2021 no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), com o objetivo de definir estratégias e planos de ação prioritários e as áreas de segurança prioritária (ASP), alvos das intervenções em regiões pré-delimitadas como as mais sensível, além de modernizar os sistemas de atendimento de emergências e ampliar o sistema de videomonitoramento urbano.

De acordo com o secretário, uma das medidas estratégicas implementadas pela SSP para conter a criminalidade foi, desde o início de 2021, a estipulação de metas e a cobrança de resultados até 2022. Segundo o chefe da secretaria, o objetivo era fechar o ano passado com a taxa de 15,8 mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes. O resultado, no entanto, foi bem melhor: 10,9/100 mil (-31%).

Ações das forças

Os crimes contra o patrimônio (CCPs), que são os roubos a transeunte, veículos, transporte coletivo, comércio, residência e furto em veículo, marcaram queda de 11,2% ano passado no comparativo a 2020. O roubo em transporte coletivo, por exemplo, registrou redução de 923 para 633 ocorrências em um ano (-31,45%). Houve queda, ainda, nos roubos a transeunte, de 15,4%, e nos roubos a residências, veículos e comércios, de 6,5%, 8,3% e 1,8%, respectivamente. Com base nos dados, isso representa 3,4 mil casos a menos.

Em todo o ano de 2021, a Polícia Militar (PMDF) retirou das ruas mais de 1,5 mil armas de fogo e prendeu mais de 8 mil suspeitos em flagrante por crimes diversos. “Tivemos um ano excepcional, de muito trabalho, e isso se refletiu na redução da criminalidade. Ampliamos nossa comunicação, inteligência e videomonitoramento, mas o empenho e o compromisso dos policiais militares, que atenderam cerca de 500 mil ocorrências ano passado, fizeram a diferença”, avalia o comandante-geral da PMDF, coronel Márcio Vasconcelos.

Destaque nacional pelo alto percentual de resolução de homicídios, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu, no ano passado, 6,6 mil mandados de prisão e deflagrou 802 operações. De acordo com o diretor-geral da PCDF, delegado Robson Cândido, o enfrentamento ao tráfico de drogas e ao crime organizado, o cumprimento de mandados, o combate massivo aos crimes contra as mulheres e os praticados pela internet refletem diretamente na diminuição dos crimes letais contra a vida. “A PCDF segue ao lado do cidadão, se reinventando e se aprimorando em inteligência policial e investigação”, ressalta o delegado.

Feminicídios

Em 2021, houve aumento no número de feminicídios comparado a 2020 (24 contra 17). Em 2019, 32 mulheres foram assassinadas por questões de gênero. Para combater crimes dessa natureza, a SSP-DF implementou o programa Mulher Mais Segura, que disponibiliza o Dispositivo de Monitoramento de Pessoas Protegidas (DMPP) — trata-se de um método de acompanhamento pioneiro no país, em que, além do agressor receber a tornozeleira, a vítima é acompanhada por meio de um aparelho móvel. Vinculado ao Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), da SSP/DF, ao ser acionado, o aplicativo emite um chamado de forma prioritária na tela do computador do despachante do Ciob, que encaminha, imediatamente, uma viatura da PM ao local.

Uma delegacia da mulher foi inaugurada no ano passado, além da possibilidade de a vítima registrar o boletim de ocorrência de maneira on-line. Em 2021, as Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam 1 e 2) registaram 876 flagrantes relacionados à Lei Maria da Penha. No mesmo período, foram feitas cerca de 23 mil visitas familiares do Programa de Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid), da PMDF, que é um policiamento especializado para casos de violência doméstica.

Frase

"Tivemos um ano excepcional, de muito trabalho, e isso se refletiu na redução da criminalidade”
Coronel Márcio Vasconcelos, comandante-geral da PMDF