O Estado de S. Paulo, n. 46614, 02/06/2021. Economia & Negócios, p. B1

Análise: O desafio mais imediato é a geração de empregos

Alexandre Calais


Mesmo em meio à catástrofe sanitária que o Brasil vive, a economia conseguiu surpreender. A alta de 1,2% do PIB no primeiro trimestre foi maior do que esperava o mercado. Mas esse número positivo não conta toda a história.

Há mundos muito diferentes dentro da economia. Veja o agronegócio: parece desconhecer a palavra crise. De janeiro a março, o setor cresceu espantosos 5,7%, puxado por uma demanda global muito forte pelos produtos agrícolas nos quais o Brasil é um grande fornecedor internacional, como a soja e o milho, o que fez disparar os preços.

Essa demanda global crescente pelas commodities também puxou a indústria, que subiu 0,7% no primeiro trimestre. Nessa conta entram o minério de ferro e o petróleo, produtos nos quais o Brasil também é forte e cujos preços também dispararam.

Mas esses não são os setores que mais empregam. O grosso das pessoas trabalha no setor de serviços, e esse tem tido um desempenho mais modesto. Registrou alta de 0,4% no trimestre – depois de uma queda de 4,5% no ano passado. Esse é o setor que depende talvez mais diretamente da vacinação em massa para se recuperar. Sem isso, restaurantes, lojas, salões de beleza, por exemplo, não conseguirão voltar às atividades normais, e não vão empregar. E gerar empregos é o desafio mais imediato para conter a catástrofe social.

Editor-Coordenador de Economia