O Estado de S. Paulo, n. 46614, 02/06/2021. Política, p. A9

Estadão Verifica: Alegação falsa sobre vacina e dado incorreto

Alessandra Monnerat
Pedro Prata
Samuel Lima


Ouvida ontem na CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi citou dados incorretos sobre o índice de mortalidade no Amapá e disse que não teve encontros privados com o presidente Jair Bolsonaro, o que não é verdade, de acordo com checagem feita pelo Estadão Verifica:

“Existem pessoas que não podem se vacinar, principalmente aquelas que têm vasculites – como é o meu caso. Eu tenho Síndrome de Raynaud.”

Pacientes com doenças reumáticas autoimunes foram incluídos no grupo prioritário de vacinação, e esse grupo inclui portadores de vasculites. Em abril, a Sociedade Brasileira de Reumatologia destacou a importância da imunização. Uma organização do Reino Unido dedicada à Síndrome de Raynaud também recomenda a vacinação.

“No Amapá, temos um dos menores índices de mortalidade.”

Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade do Amapá, ontem, era de 200,5 mortes por 100 mil habitantes – maior que a de 11 Estados. Também é falso que o Amapá tenha uma das menores mortalidades do mundo. Segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA), a taxa de mortalidade amapaense é maior que a de 166 países.

“Ao utilizar medicamentos (do tratamento precoce), há redução significativa no número de mortos e de pacientes graves.”

A OMS recomenda que a hidroxicloroquina não seja utilizada na prevenção da covid. A decisão foi tomada após seis estudos com 6 mil pacientes mostrarem que a droga não teve efeito significativo na redução de casos e que ela “provavelmente” aumenta o risco de efeitos adversos.

“Nunca tive encontros privados com o presidente.”

A agenda de Bolsonaro indica que ele se reuniu de forma privada com Nise ao menos uma vez, em 15 de maio de 2020. Há outras três reuniões entre presidente e médica, com a presença de outras pessoas. Uma delas, em 6 de abril de 2020, teve a presença de ministros. No dia seguinte, a médica voltou a se reunir com o presidente.  / Alessandra Monnerat, Pedro Prata e Samuel Lima