O Estado de S. Paulo, n. 46612, 31/05/2021. Política, p. A5
Bolsonaristas espalham fake news sobre ato
Matheus Lara
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentaram emplacar nas redes sociais e
em aplicativos de mensagens, ontem, a ideia de que imagens da manifestação de
anteontem com milhares de pessoas na avenida Paulista, em São Paulo, seriam de
atos de 2016, quando a militância pró-governo Dilma Rousseff (PT) foi às ruas
contra o impeachment.
As fotos da manifestação foram tiradas de contexto, remetendo a 2016.
Até reproduções de publicações antigas foram modificadas. Uma tela disseminada
em grupos de Whatsapp por bolsonaristas
mostra um artigo publicado no site Esquerda Diário, em 2016, com a suposta
mesma imagem que circula sobre o ato de anteontem. Entretanto, é possível
identificar nas imagens faixas contra Bolsonaro e o boneco inflado gigante em
que o presidente é representado como a morte.
Atos em defesa do impeachment de Bolsonaro, da vacinação e da retomada
do auxílio emergencial de R$ 600 foram registrados em mais de 200 cidades no
País e no exterior, na maior manifestação contra o governo desde o início da
pandemia.
Pressionados pelas mobilizações em defesa do governo federal nas últimas
semanas, líderes de movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de
oposição decidiram abandonar o “fique em casa” e ir às ruas em “protestos
seguros”, com recomendação para o uso de máscaras (houve distribuição em parte
das manifestações, inclusive) e instruções para manter o distanciamento social.
O cuidado, entretanto, não impediu aglomerações em diversos municípios. Dezenas
de milhares de pessoas participaram dos protestos.
Enquanto Bolsonaro, sem citar as manifestações, publicou em suas mídias
sociais uma foto sua segurando uma camiseta com os dizeres “imorrível,
imbroxável, incomível”, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou se pronunciar. Líder nas
pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial em 2022, ele não
participou dos atos e nenhuma menção foi publicada em suas redes sociais a
despeito do apoio de seu partido à mobilização.
Indenização. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB),
acionou a Procuradoria geral do Estado para, em conjunto com a Secretaria de
Justiça e Direitos Humanos, iniciar um processo de indenização das vítimas
feridas gravemente por balas de borracha na ação da Polícia Militar para
dispersar a multidão durante os protestos contra Bolsonaro no Recife. Dois
homens que não participavam dos atos acabaram feridos no rosto; um deles perdeu
o globo ocular, terá de passar por cirurgia e usar uma prótese.
O comandante da ação da PM e outros policiais envolvidos nos episódios
violentos foram afastados e há uma investigação em andamento. O governador
negou ter autorizado o uso de bombas de efeito moral, balas de borracha e gás
de pimenta. Uma vereadora foi alvejada com spray de pimenta no rosto./ Colaborou Pedro Jordão, Especial para O Estadão