O Globo, n. 32804, 31/05/2023. Economia, p. 19

Petrobras planeja voltar a investir em países vizinhos

Bruno Rosa


Após vender quase todas as operações na América do Sul, a Petrobras quer voltar a investir nos países vizinhos, de acordo o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Ele enfatiza que está preparando a empresa para uma “nova fase em refino”.

“Queremos revisitar países vizinhos, como Bolívia, Venezuela e Guiana, e debater alguns pontos como termos contratuais, novas potencialidades de exploração de gás e a preparação das empresas para a transição energética”, disse Prates, em comunicado.

O executivo se reuniu ontem com o presidente da Bolívia, Luis Arce, e tratou do futuro da exploração de gás e petróleo no continente. Eles participaram do encontro de líderes da América do Sul no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

Prates afirmou que a companhia pretende estudar novos negócios nas áreas de exploração e gás, e reforçou que as empresas que têm o estado como sócio majoritário, a exemplo da Petrobras e da YPFB, são fundamentais para a transição energética no mundo. Ele destacou que a Bolívia está à disposição para “buscar soluções conjuntas para os dois países”. Uma nova reunião está marcada no segundo semestre, na Bolívia, para tratar de acordos comerciais.

Em entrevista recente ao jornal Estado de S.Paulo, Prates afirmou que considera investir na exploração de áreas da chamada Margem Equatorial que pertencem à Guiana e ao Suriname. A estatal comprou pacote de dados sísmicos para participar de um leilão que será feito pela Guiana.

O interesse ocorre ao mesmo tempo em que a estatal refez o pedido de licenciamento ao Ibama para perfurar um poço exploratório na bacia da Foz do Amazonas, após a recusa do instituto à solicitação inicial.

Parcerias mantidas

A internacionalização da estatal é um dos planos da diretoria atual, o que seria uma guinada em relação à política das gestões mais recentes. Após os escândalos de corrupção revelados pela Lava-Jato, a Petrobras passou a se desfazer de seus ativos na América do Sul com o intuito de reduzir a dívida. Na Argentina, a companhia manteve uma fatia de 33,6% do campo Rio Neuquén, com extração de petróleo e gás. Na Bolívia, a produção de gás vem principalmente dos campos de San Alberto e San Antonio, onde detém 35% de participação.

A Petrobras opera ainda na Colômbia, com participação de 44,44% em parceria com a Ecopetrol no bloco de exploração no mar em Tayrona. A companhia está desinvestindo em operações na área de combustíveis e em uma fábrica de lubrificantes. Em 2006, a venezuelana PDVSA chegou a anunciar um acordo de parceria para a criação de uma empresa com o objetivo de explorar campos naquele país vizinho.

No Paraguai, após a venda das atividades de distribuição, em 2019, a empresa local usa a marca da Petrobras em contrato de licenciamento. O mesmo ocorre no Chile, onde as operações foram negociadas em 2017