Título: Alencar desmobiliza protesto
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 29/04/2005, País, p. A3

Mulheres de militares levantam acampamento

BRASÍLIA - Antes de se encontrar com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, o ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, conseguiu encerrar ontem o protesto de mulheres de militares por reajuste nas Forças Armadas ao visitar o acampamento em frente ao ministério. Apesar disso, voltou a criticar a política de juros do governo e sugeriu questionamentos a outros ministros sobre o porquê de o reajuste aos militares não ser viável hoje. Às manifestantes, ele pediu paciência e confiança no governo. Aos jornalistas, sugeriu um alívio nas perguntas sobre política econômica, em especial sobre as altas taxas de juros.

¿ Tenho falado demais sobre isso. É preciso que vocês me aliviem um pouco. Vocês têm que perguntar também para outras autoridades ¿ disse. Mesmo assim, repetiu que o pleito dos militares é justo e que as Forças Armadas necessitariam de um reajuste de 35%.

¿ Os militares não estão pleiteando aumento. Eles estão pedindo recuperação de perdas, é diferente. As perdas estão no patamar de 35%, porque a vida é dinâmica e a inflação continua ¿ afirma.

Recebido com aplausos, José Alencar disse que se reuniria nos próximos dias com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar da questão. Ao receberem a notícia de que o ministro as receberia, a emoção das manifestantes era visível.

O mesmo não aconteceu com professores e estudantes que foram a Brasília pedir à área econômica que garanta os recursos necessários à criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica. O grupo colocou 34 bonecos em tamanho natural representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o secretário executivo do ministério, Bernard Appy, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e líderes do Congresso foram usados para simular uma aula pública na Esplanada dos Ministérios.

Segundo os organizadores do protesto, apesar da aprovação do presidente Lula, o novo fundo é motivo de disputa entre os ministérios da Educação e da Fazenda. Eles dizem que a área econômica não apresenta alternativas que viabilizem os mais de R$ 4 bilhões necessários para o lançamento do fundo. Informações divulgadas durante o protesto em Brasília mostram que, atualmente, em 46 países, há mais pessoas pobres do que nos anos 80, e em 26 países, mais pessoas com fome; cerca de 1 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza e mais de 100 milhões de crianças estão fora da escola.