Correio Braziliense, n. 21452, 10/12/2023. Política, p. 4

Confiança na democracia

Maria Eduarda Angeli*
Gabriela Chabalgoity*
Gabriela Bernardes*


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que a democracia brasileira “resistiu a todos os vendavais” e que, no ano que vem, o país terá “eleições livres, limpas e seguras”. “No dia 1º de janeiro de 2023, tomará posse um presidente eleito democraticamente, que eu desejo que empurre a história na direção certa”, enfatizou o magistrado, em depoimento, por vídeo, no seminário Desafios 2022: para onde vai o Brasil.

Barroso afirmou que a grande preocupação do TSE é o enfrentamento à desinformação, aos ataques à democracia, ao uso das mídias sociais para difundir ódio. “A democracia não é o regime político do consenso, mas, sim, aquele em que pessoas têm respeito e consideração pelas outras, mesmo na divergência e, portanto, nós esperamos uma campanha eleitoral em que as pessoas coloquem suas ideias na mesa, os seus projetos de país, em lugar de se atacar umas às outras”, frisou. “Eu sempre gosto de lembrar que uma causa que precise de ódio, que precise de mentira, que precise de agressões, não pode ser uma causa boa.” De acordo com o ministro, o importante é que a divergência seja absorvida de maneira institucional e civilizada.

O magistrado destacou a necessidade de o Brasil ter uma agenda comum, suprapartidária, “patriótica”. Entre os pactos que ele propõe para essa agenda está o da responsabilidade social. “Nós precisamos enfrentar a pobreza extrema. A fome voltou a rondar o país, a desigualdade é uma mácula na história brasileira e, portanto, nós precisamos de um sistema tributário mais justo, precisamos de serviços públicos de mais qualidade, precisamos de redes de proteção social”, defendeu.

O presidente do TSE também disse ser indispensável um pacto pela educação básica. “É  a deficiência na educação básica que nos atrasou na história, além de fazer vidas menos iluminadas, trabalhadores menos produtivos, elites menos preparadas”, elencou. “Educação básica deve estar na agenda, no topo da agenda prioritária do país. (...) Para virarmos o jogo no Brasil, precisamos de educação básica.”

Combate à corrupção

Ex-ministro da Justiça e pré-candidato à Presidência da República, Sergio Moro (Podemos) também participou do evento por meio de vídeo. Ele enfatizou a importância do combate à corrupção para o Brasil avançar e reclamou dos reveses que essa pauta tem sofrido no país, com “leis sendo alteradas para dificultar” esse enfrentamento e “tribunais anulando condenações de criminosos por motivos meramente formais”.  

“A corrupção acaba impactando a eficiência do governo: não tem como você ser um governo eficiente e competente se é altamente corrupto. Do outro lado, a corrupção também afeta a produtividade do setor privado, gera aquilo que nós chamamos de capitalismo de compadrio”, ressaltou. “É hora de nós retomarmos essa agenda do combate à corrupção. Claro que emprego, renda, combate às desigualdades, tudo isso é fundamental. Mas a gente não pode deixar essa bandeira do combate à impunidade e do combate à corrupção para trás.”

Também pré-candidato ao Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), alertou para a necessidade de mudanças no Brasil, capazes de resgatar a esperança. “Um Brasil que precisa reduzir a dimensão da pobreza, precisa gerar empregos, precisa proteger a saúde da sua população, respeitar o meio ambiente e se recuperar economicamente”, destacou, por vídeo.

Doria elogiou a relevância do debate promovido pelo jornal. “Parabéns ao Correio Braziliense, que está sempre à frente das causas e dos temas que podem mover o Brasil”, destacou.

* Estagiárias sob a supervisão de Cida Barbosa