Correio Braziliense, n. 21131, 02/04/2021. Economia, p. 7

Remédio até 10% mais caro
Alexia Oliveira


Está em vigor desde ontem um novo aumento no preço dos remédios, que vai até 10,08%. De acordo com a Câmara de Regulação do Mercado (CMED), foram aprovados três níveis de reajustes e o Sindicato da Industria Farmacêutica (Sindusfarma), destacou que a pandemia do novo coronavírus influenciou diretamente nos valores que serão cobrados do consumidor, uma vez que houve encarecimento dos componentes farmacêuticos para a fabricação de medicamentos.

Foram definidos três percentuais de reajuste: o de nível 1 (10,08%), o de nível 2 (8,44%) e o de nível 3 (6,79%). "O enorme impacto econômico provocado pela pandemia de coronavírus resultou numa crise mundial de fornecimento de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) e outras matérias-primas, além de aumentos nas tarifas de logística e numa forte variação cambial, esses fatores elevaram os custos de produção da indústria farmacêutica instalada no Brasil, em valores muito superiores aos esperados", justificou o Sindusfarma.

Por conta do peso dos aumentos, o presidente-executivo do sindicato, Nelson Mussolini, orientou os consumidores a pesquisarem o melhor preço, uma vez que no balcão, sempre há diferenças. "É importante que o consumidor pesquise nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos. Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer", observou.

Mas dois fatores ajudam a mitigar o impacto dos reajustes. Um é o desconto de fidelidade, no qual o cliente de uma rede farmacêutica é bonificado com percentuais de aumento menores ou até mesmo com a manutenção do preço antigo. Outro é o bônus do laboratório, quando o consumidor se inscreve num programa de pontos para obter um medicamento com descontos progressivos. Também há planos de saúde conveniados com grandes redes varejistas pelos quais se consegue comprar medicamentos um pouco mais baratos.

Só que para quem não lança mão de nenhum dessas possibilidades na hora de comprar remédios, o reajuste vem em má hora. Para Ranniel Oliveira, balconista de uma farmácia em Valparaíso de Goiás (GO), o reajuste vai bater forte no bolso. "O momento é complicado. Muitas pessoas estão perdendo emprego e não têm como custear os medicamentos com o aumento. A situação fica ainda pior para quem depende de medicamentos de uso contínuo", explicou.

Já o universitário Júnior Nunes, 22, mostrou-se conformado com a subida nos preços dos remédios. "A elevação na demanda de medicamentos, por conta da pandemia, impacta no custo para adquirir o produto final", disse.