Correio Braziliense, n. 21179, 20/05/2021. Política, p. 4

Histórico de irregularidades


Alvos da Operação Akuanduba, os sócios de uma das empresas envolvidas, a Tradelink Madeiras, David Pereira Serfaty e o inglês Leon Robert Weich, administram uma empresa que já se envolveu em problemas com a Justiça — venda de madeira ilegal, falsificação de informações ambientais e exploração de trabalho escravo são alguns delas. As autuações à empresa, apontada como beneficiada por decisões do Ibama e do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ultrapassam R$ 7 milhões, segundo a Polícia Federal.

De acordo com a investigação, a Tradelink exportou madeira ilegal, sem autorização prévia do Ibama pelo menos em sete ocasiões: cinco contêineres destinados aos Estados Unidos, um para a Dinamarca e um para a Bélgica. Em 17 de janeiro, as autoridades norte-americanas foram avisadas da procedência da carga e o material apreendido. Dias depois, a empresa foi autuada pelas autoridades ambientais brasileiras.

Em fevereiro, representantes da empresa se reuniram com o superintendente do Ibama no Pará e com Salles, e apresentaram documentos em que afirmava que "os pedidos de licença de exportação foram protocolados no Ibama, mas que os processos não tinham sido concluídos a tempo". O superintendente do órgão no estado, Walter Mendes Magalhães Júnior, atestou que a empresa teria feito os pedidos. Uma semana depois, em 14 de fevereiro, o adido do governo americano, a partir de informações públicas e obtidas com os compradores da madeira, nos EUA, constatou as inconsistências na documentação da Tradelink.

No mesmo mês, no dia 21, o adido da embaixada dos EUA reuniu-se com o presidente do Ibama, Eduardo Bim, e expôs os problemas relacionados à carga apreendida. De acordo com a investigação, Bim assinou um despacho para "dispensar a necessidade de autorização específica para exportação dos produtos e subprodutos florestais de origem nativa em geral, em descompasso com o estabelecido" pela legislação.

No Congresso, o deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ), líder da minoria na Câmara, apresentou uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal pedindo o afastamento de Salles. Outros parlamentares de oposição falam em abrir uma CPI.