Título: Chirac intensifica campanha pelo 'sim'
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/04/2005, Internacional, p. A9

Presidente francês ganha apoio de Schröder para referendo

PARIS - O presidente francês, Jacques Chirac, que investiu pesado ontem na campanha para persuadir a população francesa a apoiar a Constituição Européia, no referendo que será realizado em 29 de maio, ganhou um apoio importante. O chanceler (primeiro-ministro) alemão, Gerhard Schröder, com quem Chirac se encontrou ontem em Paris, se uniu ao presidente nos apelos pelo ''sim''.

Em uma coletiva de imprensa, os aliados concordaram que a rejeição francesa ao tratado - prevista pelas pesquisas - seria um golpe severo à integração européia e deixaria a França atrás de seus parceiros no continente.

- A França se verá na plataforma, vendo o trem passar - comparou Chirac, ao lado de Schröder. - Este tratado fará a França mais forte na Europa e a Europa mais forte no mundo. Ao passo que votar pelo ''não'' significa interromper 50 anos de construção européia. Cinqüenta anos de movimento rumo à paz e à democracia.

Chirac também enfatizou que o tratado aumenta ''a solidariedade em caso de ataque exterior e de terrorismo'', hipótese que, segundo ele, ''infelizmente não pode ser excluída''.

Já Schröder destacou que o plano político e econômico europeu perderia ''muita força, se debilitaria'', caso os franceses não apóiem a Carta.

- De minha parte, tenho confiança de que o 'sim' ganhará na França. Para mim, não é somente uma questão de razão, é também um assunto do coração - disse o chanceler. - A França e a Alemanha têm uma responsabilidade especial no êxito deste processo.

A Constituição tem a intenção de facilitar o processo de tomada de decisão após a entrada de mais 10 membros na União Européia (UE), em maio do ano passado. Todos os 25 países que atualmente integram o bloco devem aprovar a Carta para que entre em vigor.

Na Alemanha, diferentemente da França, a Câmara Baixa do Parlamento é que ratificará a Constituição, no dia 12 de maio. A decisão de promover ou não a consulta popular foi tomada por cada país do bloco.

A visita de Schröder a Paris ressalta a crescente preocupação de Berlim e Bruxelas com a possibilidade de rejeição à Constituição por parte de um dos membros-fundadores da UE. Teme-se que o ''não'' francês possa causar uma crise política na Europa, com consequências nos mercados financeiros.

Os críticos pedem que o tratado seja revisto - alternativa rejeitada pelos líderes da UE. Opositores franceses alegam que a Carta não protege os trabalhadores e consagra tendências econômicas liberais. Outros simplesmente querem punir o governo pelas altas taxas de desemprego, votando contra a Constituição. Os simpatizantes, por outro lado, alegam que o tratado fará a UE mais forte e menos burocrática, capaz de tomar decisões mais rapidamente.