O Globo, n. 31600, 12/02/2020. Economia, p. 26

Marinho promete solução em dois dias para o Minha Casa

Geralda Doca
Gustavo Maia
Daniel Gullino


O novo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, prometeu, ontem, após tomar posse no cargo, que dará uma solução ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) até amanhã. O programa está paralisado por dificuldades deliberação de recursos do Orçamentoda União para este ano.

Além de obras paradas em todo o país para famílias de baixa renda, as contratações com recursos do FGTS nas faixas para beneficiários com rendas mais altas, que têm condições de tomar um financiamento, também estão suspensas.

Marinho disse que vai estabelecer um cronograma de desembolsos para o programa assim que o Congresso votar os vetos presidenciais à proposta orçamentária, em sessão marcada para hoje. O Orçamento prevê R$ 2,22 bilhões para dar andamento às obras paralisadas do MCMV e mais R$ 295 milhões como contrapartida ao FGTS na concessão de subsídios (descontos a fundo perdido nos financiamentos).

— Tomei posse hoje (ontem) e espero, até esta quinta-feira, nos próximos dois dias, nós termos a oportunidade de conversar tanto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto com o presidente da Caixa Econômica Federal (Pedro Guimarães) e nossos secretários para termos uma posição em relação a essa situação específica — disse Marinho.

Reestruturação

Ele afirmou ainda que pretende reestruturar o programa de acordo com o Orçamento, mas assegurou que as discussões não vão partir do zero. Serão consideradas colaborações do seu antecessor na pasta, Gustavo Canuto, e de outros ministérios que têm interlocução com o Desenvolvimento Regional, além do setor da construção civil. Os entraves ao programa foram um dos motivos da demissão de Canuto. Ele foi transferido para o comando da Dataprev, estatal responsável pelo processamento de dados do INSS.

Em seu discurso de posse, Marinho ressaltou que, no Brasil, há uma tradição de tratar os empreendedores como “predadores”. Ao citar especificamente a indústria e a construção civil, disse que os setores produtivos precisam ser tratados como parceiros por gerarem emprego e renda.

Tarefa ‘mais nobre’

Um dos principais articuladores para a aprovação da reforma da Previdência, Marinho disse que a nova missão à frente do MDR é “mais nobre” pelo potencial de reduzir desigualdades sociais. A pasta concentra políticas públicas de habitação para baixa renda, projetos de saneamento básico, de mobilidade urbana e obras como a transposição do Rio São Francisco, além de responder pela defesa civil.