O Globo, n. 31597, 09/02/2020. País, p. 10

Sem recurso público, Novo e Rede apelam a doações

Guilherme Caetano


Motivos diferentes levaram o Partido Novo e o Rede Sustentabilidade à mesma alternativa de financiamento. Sem recursos públicos para manter seu funcionamento, as duas siglas tiveram de recorrer à ajuda dos filiados. Mas as condições financeiras das legendas tomaram caminhos distintos. Enquanto o partido de Marina Silva se mantém com R$ 20 mil mensais, filiados do Novo de João Amoêdo rendem R$ 1 milhão à sigla.

Ao contrário do Novo, que não usa recursos públicos por questões de princípios estatutários, o Rede não teve escolha. Sem o desempenho mínimo exigido pela cláusula de barreira, aprovada na reforma eleitoral de 2017 visando asfixiar financeiramente siglas sem muita representatividade na Câmara, o partido perdeu acesso ao fundo partidário e à propaganda gratuita na TV e no rádio. A situação é compartilhada por outros partidos nanicos, como PCO, PMB, PSTU, PRTB, entre outros.

O dispositivo atinge partidos que não alcancem 1,5% dos votos válidos nacionalmente. Esse percentual tem que ser atingido em pelo menos nove estados da federação e vai aumentando a cada eleição, até chegar ao patamar mínimo de 3% em 2030. O Rede elegeu apenas uma deputada federal, Joenia Wapichana (RR), enquanto o Novo formou uma bancada de oito parlamentares na Câmara.

Em 2019, primeiro ano de vigência da cláusula, o Rede teve de se virar com doações de alguns dos 20 mil filiados e contribuições voluntárias — no mínimo de R$ 20. O montante reduzido, que serve para pagar o aluguel do diretório nacional e remunerar alguns dirigentes nacionais e funcionários, levou o partido a cortar algumas prerrogativas, principalmente viagens.