O Estado de S. Paulo, n. 46567, 16/04/2021. Política, p. A10

3 perguntas para... - Renan Calheiros (MDB-AL), senador

Entrevista: Renan Calheiros (MDB-AL), senador


1. Por onde acha que deve começar o caminho da investigação da CPI?

Esta será uma CPI muito importante. E o seu trabalho será facilitado porque muita coisa que ela investigará é pública. As pessoas abordam a gente e perguntam: "Você acha que, se o presidente tivesse acertado a mão, quantas mortes o País poderia ter evitado?" A gente não faz ideia. A CPI responderá a essas coisas inevitavelmente.

2. O sr. disse ao 'Estadão', na semana passada, que se o governo tentar interferir na CPI dará com os burros n'água. Com todo o poder que o presidente tem na sua caneta, não há como o governo tentar ter algum tipo de controle da CPI?

Se o governo intervir na CPI, o tiro vai sair pela culatra. Ele próprio acaba ajudando a politizar a investigação. Piora as coisas. Acho que esse governo precisa encontrar uma maneira de conviver com essa investigação. Porque esse é um procedimento constitucional. Não há como não fazê-lo. A sociedade cobra isso de nós.

3. O presidente Bolsonaro disse que a CPI era inadequada porque poderia ser feita apenas contra ele e se transformar num palco eleitoral para 2022. Ele tem razão?

Ele mesmo pode colaborar para que isso aconteça. Na medida em que queira ameaçar, dificultar os trabalhos, evitar que alguém seja convocado. Isso tudo pode agilizar essa politização que eles tanto temem. Deveríamos ter essa comissão instalada em fevereiro. Tudo isso significa dizer que a investigação vai sendo levada para a proximidade da eleição. Se isso ajuda a politizar, eu não sei. Só sei que na medida em que o governo quer interferir na investigação, ajudará, com certeza, a politizar, sim./ Marcelo de Moraes