Correio Braziliense, n. 21427, 15/11/2021. Economia, p. 7

Medida paliativa



A desoneração da folha de pagamento passou a valer ainda em 2011, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com  o objetivo de aumentar o número de trabalhadores formais e prevenir demissões. Mas foi em 2020,  durante a pandemia da covid-19, que ela ganhou os moldes em vigor hoje, por  meio de uma medida provisória que virou lei, mas apresenta problemas.

Segundo Felipe Queiroz, economista e pesquisador da Unicamp, o contexto agora é outro: há um  alto índice de desemprego fruto da omissão do governo quando o assunto é política de geração de  empregos. “Por um lado, isso (a desoneração) diminui o custo de produção, mas falta ao governo  uma política de geração de empregos. A desoneração é uma política paliativa de longo prazo, é  preciso ter algo que melhore isso. A participação da indústria no PIB está nos níveis pré  Juscelino Kubitschek, e o governo diz que o mercado vai se ajustar”, avalia.

Otto Nogami, professor do Insper, considera a desoneração necessária, mas também avalia que se  trata de uma medida tímida para os desafios que o empresariado brasileiro enfrenta. “A primeira  questão é que os encargos sociais aqui talvez sejam os mais altos mundialmente. Então o custo da  mão de obra na indústria é extremamente elevado e isso tira a competitividade das empresas.  Então é importante (desonerar), mas é preciso rever toda a estrutura tributária que incide  sobre o trabalho. Acho que é uma lição de casa que deveria ser feita urgentemente pelo governo”,  afirma. (IM)