O Globo, n. 31593, 05/02/2020. Economia, p. 22

Bancos já reveem projeção para PIB brasileiro


Com o avanço da epidemia do coronavírus, os bancos já começaram a rever suas projeções para a economia brasileira em 2020. O UBS reduziu sua estimativa de crescimento de 2,5% para 2,1%, ressaltando que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e influencia o preço das principais commodities brasileiras nos mercados globais.

Andres Abadia, economista-sênior para área Internacional da gestora Pantheon, reduziu sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2,2% para 2,1%. Ele avalia que o vírus pode prejudicar o crescimento do PIB no 1º trimestre, mas será necessário ver os indicadores de fevereiro para traçar um cenário claro.

Já o BNP Paribas afirmou, em relatório a clientes, ver risco maior de o PIB brasileiro não crescer 2%, como estimava. Segundo o economista chefe, Gustavo Arruda, que assina o documento, a projeção agora tem viés de baixa, em razão do possível impacto do coronavírus na atividade econômica brasileira.

Arruda aponta que os setores de agricultura e de agroindústria devem sofrer mais, pois “temos um canal direto, via preços de commodities, afetando a margem do setor e da cadeia como um todo”.

Viés de baixa

Estimando crescimento de 2% este ano, Igor Lima, gestor da Galt Capital, ressalta que nesse percentual já está embutida expectativa de que a economia vai acelerar ao longo do ano. Caso isso não se comprove, ressaltou, até os 2% podem estar em risco.

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, não alterou sua estimativa, de expansão de 2,3% este ano, mas ressalta que esta tinha “um viés para cima, que hoje não existe”. Ele ressalta que ainda não se sabe a intensidade do efeito do vírus na economia chinesa.

Outro que ainda não reviu sua previsão, mas pode fazê-lo, é David Cohen, sócio-gestor da Paineiras Investimentos:

— Ainda não revisamos a nossa projeção, mas certamente estamos com viés de baixa, em vista dos números divulgados recentemente abaixo do esperado e como coronavírus sendo mais um fator exógeno que irá gerar impacto negativo para nossas exportações esse trimestre.