O Globo, n. 31593, 05/02/2020. País, p. 12

Eduardo prefere que Aliança só esteja nas urnas em 2022
Bruno Góes 
Natália Portinari


O líder do PSL na Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (SP), defendeu ontem que o Aliança pelo Brasil comece a disputar eleições apenas em 2022. Desde que o grupo ligado ao presidente Jair Bolsonaro rompeu relações com lideranças do PSL, parlamentares que pretendem acompanhá-lo ajudam na campanha de coleta de assinaturas para a criação da nova legenda. O Aliança precisa estar regularizado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o dia 4 de abril para poder participar da eleição. O prazo é considerado curto para que todos os requisitos sejam cumprido.

Ao justificar sua posição, Eduardo Bolsonaro mencionou o risco de não haver uma seleção mais criteriosa dos novos integrantes do partido. Ele quer evitar o que aconteceu com o PSL. Cerca de metade da bancada de deputados federais que se elegeu com apoio a Bolsonaro hoje está rompida com o presidente.

— Tivemos um mês para formar os quadros do PSL (em 2018). Então, não conseguimos ter nenhum tipo de filtro. Entrou uma grande variedade de pessoas e agora nem todas elas estão comprometidas com o projeto Jair Bolsonaro. Então, para evitar esse tipo de erro, que tenhamos quadros qualificados para debater, pessoas de mais confiança. Acredito que é melhor o Aliança não estar pronto para as eleições deste ano — avaliou Eduardo.

O deputado afirmou que os aliados do presidente poderão concorrer por outros partidos:

— Não prejudica em nada. Podemos começar estudos (para sair) em 2022. Quem quiser (em 2020) pode sair por outro partido, desde que não seja PCdoB, PSOL.

Canal de entrevistas

Eduardo Bolsonaro disse também que, com sua saída da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara neste ano, quer focar em “pautas mais domésticas do que internacionais”. O parlamentar planeja lançar um programa de entrevistas no YouTube tendo ministros do governo como convidados.

— Vou começar um programa com entrevistas. Se conseguir, quero que sejam entrevistas semanais com pessoas de dentro do governo, para levar para o meu público, aproveitar que tenho uma rede social grande, formada por pessoas que se interessam por política, para que elas tenham acesso à informação — afirmou o deputado.

A primeira entrevista será com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e, segundo ele, deve sair até o próximo fim de semana. Os vídeos serão gravados pelo celular.

— Eu vou (bancar). Um celular na mão e agenda com o ministro. Não tem nada da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social, ligada à Presidência da República) — disse o deputado. — Moro (será o primeiro) porque é o ministro mais notório do governo. E porque ele aceitou.

O programa terá outros integrantes do governo entre os futuros convidados, como o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins; o ministro da Educação, Abraham Weintraub; o chanceler Ernesto Araújo; o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; além de outros deputados. O nome do canal ainda não está definido.