O Globo, n. 31592, 04/02/2020. Sociedade, p. 23

Mortes por novo vírus superam as da Sars na China


Com 425 mortos na China e uma nas Filipinas, segundo o último balanço oficial divulgado ontem, o novo coronavírus já causou mais mortes no país do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), também provocada por um coronavírus e que matou 349 pessoas na região entre 2002 e 2003.

Segundo a Comissão Nacional de Saúde chinesa, 3.235 novos casos de coronavírus foram diagnosticados ontem. Agora, o número total de infectados no país é de 20.438.

Anteontem, foi registrado o primeiro óbito fora da China: um chinês de 44 anos e natural de Wuhan, epicentro da epidemia, morreu nas Filipinas.

Diante da expansão da doença, os ministros da Saúde dos países que formam o G7 (EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido) concordaram ontem em coordenar uma resposta ao tratamento do coronavírus.

Com esta medida, a abordagem sobre os regulamentos, alertas sobre precauções para viagem e pesquisas sobre o novo vírus serão realizadas de acordo com as mesmas diretrizes. Também haverá uma ação em conjunto nos diálogos com a União Europeia, a OMS e a China.

“Uma resposta apropriada ao vírus só pode ser coordenada internacionalmente e em nível europeu. Um vírus não conhece fronteiras nem nacionalidades”, disse em comunicado o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn.

Neste domingo, na França, cerca de 20 passageiros que estavam num avião de repatriados da China ficaram retidos no aeroporto de Istres (sul do país), aguardando análise de exames, pois haviam apresentado sintomas do novo coronavírus, disse a ministra da Saúde francesa, Agnès Buzyn.

Especialistas acreditam que o novo coronavírus tenha surgido no fim de dezembro em um mercado especializado em frutos do mar e animais silvestres em Wuhan, na província de Hubei.

Os casos de infecções se espalharam para além da província, enquanto o povo chinês viajava pelo país e pelo mundo para celebrar o feriado do Ano Novo lunar, que começou no fim de janeiro. A epidemia levou a OMS a declarar emergência internacional de saúde pública na última quinta, já que 23 outras nações reportaram casos da doença.

Parto perigoso

Uma mulher de 27 anos diagnosticada com coronavírus deu à luz uma menina saudável na província Heilongjiang, no Nordeste da China. Apesar de o parto ter ocorrido na última quinta, a confirmação sobre o estado de saúde do recém-nascido foi compartilhada ontem em uma entrevista coletiva organizada pelo hospital da cidade de Harbin.

A mulher, que não teve a identidade revelada, estava na 38ª semana de gestação quando foi diagnosticada com a doença na semana passada. Assim que deu entrada no hospital, os médicos decidiram submetê-la a uma cesárea, e o bebê nasceu no mesmo dia. A menina foi testada na quinta e anteontem. Os exames deram resultado negativo para o coronavírus.

Os médicos optaram por uma cirurgia de emergência porque a saúde da mãe estava piorando, e ela não poderia receber o tratamento contra a doença enquanto carregava o bebê. A cirurgia foi extremamente perigosa, já que a paciente estava com febre e tossia sem parar enquanto os próprios médicos enfrentavam o risco de contaminação. Mulher e criança vão permanecer em quarentena para observação.