O Globo, n. 31592, 04/02/2020. Economia, p. 15

Balança comercial tem o pior janeiro desde 2015
Gabriel Shinohara


A balança comercial brasileira de janeiro registrou o pior resultado para o mês desde 2015. O déficit de US$ 1,7 bilhão foi puxado pela queda do valor das exportações, que caíram 20,2% em relação ao mesmo mês de 2019, principalmente pela redução na venda de petróleo bruto e a baixa demanda chinesa. Em janeiro de 2019, ocorreu um superávit de US$ 1,7 bilhão, cuja principal contribuição foi a exportação de uma plataforma de petróleo — este ano foram importadas duas.

As exportações para a China, principal parceiro comercial do Brasil, caíram 9,3% quando comparadas ao mesmo mês de 2019. Foram US$ 3,6 bilhões este ano contra US$ 4 bilhões em janeiro do ano passado. Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, os chineses diminuíram a demanda por milho e soja e impactaram negativamente os preços internacionais.

Ele negou que a crise do coronavírus tenha afetado o comércio com a China, argumentando que as operações portuárias dos produtos são automatizadas, diminuindo o contato humano e, assim, a possibilidade de transmissão do vírus.

— Conversamos com alguns exportadores, até agora não há nenhum relato de impacto em operações portuários — disse o subsecretário, que também afirmou estar monitorando a situação.

O subsecretário negou ainda que a crise do coronavírus possa afetar as exportações brasileiras. De acordo com ele, a tendência é que os alimentos sejam os produtos menos afetados porque estão “menos sujeitos” à diminuição da atividade econômica.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, se não fosse a importação das plataformas, a balança de janeiro poderia ter sido superavitária. Castro avalia que o resultado de janeiro “tradicionalmente não serve de parâmetro para o ano todo”.