O Globo, n. 31604, 16/02/2020. País, p. 14

Planalto: obra para abrigar Michelle não vai tirar livros



Antes de embarcar para o Rio, na manhã de ontem, o presidente Jair Bolsonaro declarou que nenhum livro será retirado da biblioteca do Palácio do Planalto com a reforma para abrigar a sala da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência reforçou que “100% do acervo físico será preservado”, mas afirmou que o espaço será “ajustado à real necessidade dessas atividades”.

Na sexta-feira, a colunista do GLOBO Bela Megale revelou que a biblioteca da Presidência, no anexo I do Planalto, está sendo reduzida pela metade para receber a sala da primeira-dama e da equipe do programa Pátria Voluntária, coordenado por Michelle. O acervo de 42 mil itens e 3 mil discursos de presidentes. Espaços de estudo, convivência e leitura serão praticamente extintos. No entanto, a sala de Michelle e sua equipe ganhará banheiro privativo. Bolsonaro elogiou o trabalho de Michelle para pessoas deficientes e fez o gesto de uma banana para a imprensa.

— Vocês só se preocupam com besteira. Nenhum livro vai embora. Vai ficar tudo lá. A primeira-dama faz um trabalho de graça para o Brasil todo. Ao invés de vocês elogiarem vocês criticam? Tenha a santa paciência — disse o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. Segundo o presidente, a opção por acomodar Michelle na biblioteca se deu porque “fica mais perto dos ministros para despachar”. Bolsonaro disse ainda que o local teve uma “pequena redução”. Segundo a nota divulgada pela Secretaria-Geral, as mudanças não impedirão a ampliação do acervo e visam a “otimizar os espaços físicos” da Presidência.