O Globo, n. 31592, 04/02/2020. País, p. 6

PF descarta lavagem de dinheiro em imóveis de Flávio


Investigação da Polícia Federal concluiu que não há indícios de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) tenha cometido lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em negociações de imóveis. A informação foi divulgada ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Segundo o jornal, a PF deve entregar à Justiça nos próximos dias o relatório com a conclusão do inquérito.

A investigação apura a evolução patrimonial do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos — é um inquérito diferente do tocado pelo Ministério Público do Rio que apura suspeitas de rachadinha (prática em que os funcionários devolvem parte do salário para o parlamentar) no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

“Perseguição”

O advogado do senador, Frederick Wassef, afirmou em nota que o desfecho da investigação da PF “reforça a inocência de Flávio Bolsonaro” e que os investigadores “entenderam que não há indício de crime ou qualquer irregularidade e que, portanto, a denúncia não tem fundamento”. Por fim, a defesa de Flávio declarou que “tudo isso deixa ainda mais evidente que o parlamentar enfrenta uma campanha de perseguição movida por forças com interesses escusos”.

Ontem, Flávio também fez um breve comentário à imprensa sobre a decisão da PF, após participar de uma agenda do pai em São Paulo.

— A investigação é isenta e só tem esse resultado possível — disse o parlamentar.

Já o presidente Jair Bolsonaro desconversou:

— Pergunta para a PF. Não me meto em questão do Judiciário — reagiu.

O Ministério Público do Rio suspeita que o senador tenha injetado recursos ilícitos não declarados no total de R$ 2,27 milhões na compra de imóveis e em sua loja de chocolates. Flávio nega que tenha cometido qualquer crime.

Para o MP, a compra e venda de apartamentos pelo senador e sua mulher, Fernanda Bolsonaro, mostra indícios “claros” de lavagem de dinheiro de parte dos recursos obtidos ilicitamente pelo esquema de rachadinhas. Os promotores responsáveis pela investigação apontam “lucratividade excessiva” nas operações e pagamentos em espécie como indícios de lavagem de dinheiro.