Correio Braziliense, n. 21422, 10/11/2021. Política, p. 4

Sabatina segue travada.

Luana Patriolino


O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou, ontem, que está “tudo parado”, ao ser questionado sobre a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). O indicado do presidente Jair Bolsonaro espera há quase quatro meses pelo trâmite que deve aprovar ou rejeitar o nome dele para a Corte.

Alcolumbre deu a declaração a jornalistas antes de entrar em uma “sessão relâmpago” na CCJ, de 10 minutos, destinada à votação de emendas ao projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA). Os parlamentares não debateram as próximas sabatinas durante o encontro.

O senador vem sendo pressionado pelos seus pares para marcar a avaliação de Mendonça. Na semana passada, o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu um “esforço coletivo” para destravar indicações e outros assuntos pendentes na Casa.

 Bolsonaro afirmou, ontem, que o “grande problema” travando a sabatina de Mendonça é ele, e não seu ex-ministro. “Sou eu, não é o André. Sou eu. Se eu for reeleito, vou botar mais dois com o perfil parecido com o André. Não quer dizer que seja evangélico. O compromisso com evangélico, eu estou pagando agora e me sinto muito bem”, afirmou, em entrevista ao canal bolsonarista Jornal da Cidade Online.

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Bolsonaro rebate críticas
Critiane Noberto


Quando o presidente Jair Bolsonaro entrou na corrida pelo Planalto, se comprometeu a acabar com o chamado toma lá dá cá e hostilizou o Centrão, classificando o grupo como “o que há de pior no Brasil”. Agora, o chefe do Executivo é criticado porque está prestes a se filiar ao PL, partido de Valdemar da Costa Neto, que foi condenado e preso no escândalo do mensalão.

“O pessoal critica: ‘Ah, o cara tá conversando com o Centrão. Quer que eu converse com o PSol, ou PCdoB, que não é Centrão? Eu mesmo fui filiado ao PP por 20 anos, eu fui Centrão”, reclamou, em entrevista ao canal bolsonarista Jornal da Cidade Online. “Essa é a condição da política brasileira. É um campo de futebol que você tem de entrar e jogar. Quem não tiver muita força de vontade para disputar a partida, vai para a terceira ou quarta divisão. Se você tirar o Centrão, tem a esquerda e, se eu quiser disputar as eleições do ano que vem, tenho de ter um partido.”

Em conversas com apoiadores, ontem, Bolsonaro disse que está quase certo com o PL. “Devo decidir esta semana. Vão me criticar, todos os partidos têm problemas. Tentei o meu, mas não deu certo. Tá quase certo com o PL, tem mais alguma conversa para acertar um estado ou outro, para a gente partir para as eleições”, frisou. “Vou priorizar a parte do Senado, não me peçam tudo, porque o partido não é meu. Tem uma outra pessoa que fez um acordo comigo, e nós temos que alinhar nossos objetivos.”

Reprovação

A filiação de Bolsonaro marca a mudança de postura do presidente e vem decepcionando eleitores mais alinhados com o discurso dele. O ex-candidato ao governo do Distrito Federal e coronel do Exército Paulo Chagas é um deles. “Bolsonaro entrou dizendo que ia fazer uma porção de coisas, e ele não fez. Isso caracteriza que está mais preocupado em permanecer presidente do que em cumprir aquilo que prometeu”, reprovou. “Gritou e fez muito escândalo, mas não mudou nada. Tanto é que ele mesmo disse no final que sempre foi Centrão, isso está errado. Ele dizia que não era Centrão porque Centrão era ladrão. Aí, eu pergunto: ele é ladrão?”, questionou.