Correio Braziliense, n. 21416, 04/11/2021. Política, p. 5

Brasília DF: E a privatização errou

Denise Rothenburg


O presidente Jair Bolsonaro já mencionou a Petrobras com um “problema”, mas as autoridades governamentais estão de olho mesmo é na Elerobras. A Controladoria Geral da União (CGU) recebeu uma série de denúncias sobre a privatização da empresa e decidiu investigar a operação. Hoje, a inspeção da CGU preocupa até mais do que o aval do TCU à venda da estatal. É mais um revés para o governo, e o cronograma para vender a Eletrobras está a cada dia mais longe de ser cumprido.

A Eletrobras e o Ministério de Minas e Energia culpam o TCU pelo atraso. Secretários do ministério tentam pressionar o tribunal, indo pessoalmente à Corte — gerando mal-estar. Os técnicos do tribunal alegam que não receberam a documentação exigida, e reclamam de uma série de inconsistências no material enviado pelo governo até o momento.  No governo já há quem diga que, se vender, só em agosto do ano que vem. Aí, já viu. Em plena campanha eleitoral, o tema fica cada vez mais difícil.

Fecha o pano, rápido!

O relatório pelo arquivamento do processo contra o deputado Luiz Miranda (DEM-DF) e, ainda, o pedido para que se arquive a denúncia contra o líder do governo, Ricardo Barros, fazem parte a estratégia para tirar a CPI da Pandemia de cena. Depois do pronunciamento de Arthur Lira, dizendo ser “inaceitável” os pedidos de indiciamento de deputados, tudo será feito para preservar as excelências.

Onde estava “pegando”

Os deputados não queriam saber de parcelar os débitos do antigo Fundef, fundo da educação que vai direto para pagamento de professores. Só por causa da aprovação da urgência para a PEC dos Precatórios, que parcela também essa dívida, muitos deputados foram tratados em bases eleitorais na semana passada como “traidores dos professores” e tiveram que passar o feriadão explicando que não estão contra os professores.

Eles brigam...

O projeto “Relp”, para refinanciamento das dívidas das pequenas e microempresas, está há três meses travado na Câmara dos Deputados. O autor, senador Jorginho Mello, que quebrou o pé, está numa verdadeira campanha para ver se consegue destravar a proposta. Nos bastidores, alguns senadores atribuem a demora à briga entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco.

... e o empresário paga

     Só de optantes do Simples, são 500 mil empresas que, durante a pandemia ficaram em dificuldades e não tiveram como pagar as contas. São R$ 35 bilhões que, se refinanciados, darão a oportunidade a pequenos empresários de buscar reativar seus negócios. “Lira vai responder pela morte de quase 500 mil empresas”, diz o senador.

Curtidas

Uma “sabática” pró-Leite/ O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tirou licença de quatro meses no Senado e percorre estados em prol do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, na prévia que escolherá o candidato tucano à Presidência da República.

E pró-União/ A licença também ajudará o suplente, o senador Chiquinho Feitosa (DEM), a tentar segurar o comando do União Brasil, em disputa hoje pelos bolsonaristas.

Agora só falta você/ O ingresso de Luiz Datena no PSD de Gilberto Kassab coloca o ex-governador Geraldo Alckmin, que está prestes a entrar no partido para concorrer ao governo com um forte candidato ao Senado.

Muita calma nessa hora/ Deputados que resistiam a votar a PEC dos Precatórios fizeram chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que o ato da Mesa restabelecendo o sistema híbrido de votação precisaria ser publicado antes de reutilizado, até para não gerar contestação jurídica. (...)

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