O Globo, n. 31566, 09/01/2020. País, p. 8

Bolsonaro cancela ida ao Fórum Econômico em Davos

Natália Portinari


O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, confirmou ontem o cancelamento da ida do presidente Jair Bolsonaro ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O presidente já havia admitido que poderia deixar de comparecer ao evento, entre os dias 21 e 24 deste mês, por motivos de “segurança”. Bolsonaro será representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

— O presidente e a equipe de assessores analisam uma série de aspectos. Aspectos econômicos, aspectos de segurança, aspectos políticos. E o somatório desses aspectos, quando levados para apreciação do presidente, lhe permitiu avaliar que não seria o caso, nesse momento, de participar desse fórum —afirmou Rêgo Barros.

Ele negou que haja qualquer relação da decisão com a tensão no Oriente Médio, onde ocorreu uma troca de ataques entre o Irã e os Estados Unidos, e confirmou que o presidente irá à Índia para comemorar o aniversário da república indiana, em 26 de janeiro.

— Davos é uma atividade que está orientada para a área econômica, e o presidente esteve lá já no ano passado, aliás foi a estrela do momento naquela ocasião, e a ida à Índia é uma deferência muito especial, que eu gostaria de reiterar, por parte do governo da República da Índia — disse o porta-voz.

Monitoramento

Na última segunda-feira, Bolsonaro afirmou que órgãos de segurança e inteligência do governo estavam acompanhando a situação no mundo, para só então bater o martelo sobre sua ida a Davos.

Na ocasião, ao ser questionado sobre o motivo que poderia levar ao cancelamento de sua ida ao Fórum Econômico Mundial, Bolsonaro sinalizou que havia uma preocupação com sua segurança, sem mencionar diretamente o agravamento da tensão após a morte do general iraniano Qassem Soleimani, na semana passada, em ataque promovido pelos EUA.

— Vou dar mais uma dica: o mundo tem os seus problemas, questão de segurança — disse Bolsonaro, na última segunda-feira.

Ainda de acordo com o presidente, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal estavam fazendo o monitoramento dos riscos.