O Globo, n. 31438, 03/09/2019. País, p. 12

MPF pede operação contra madeireiros em reserva no Pará


O Ministério Público Federal (MPF) acionou a Polícia Federal e o comando do Exército em Belém para evitar ataques de madeireiros contra indígenas Tembé na reserva Alto Rio Guamá, na divisa entre o Pará e o Maranhão. O MPF pede uma operação urgente na região por meio da Garantia de Lei e Ordem decretada pelo governo federal contra queimadas.

O pedido também foi enviado à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Segundo o MPF, os moradores da terra indígena, os Tembé Tenetehara, enfrentam constantes invasões, principalmente de quadrilhas de madeireiros ilegais. O problema teria se agravado desde o ano passado.

“Em maio deste ano, lideranças já denunciavam estar sob ameaças de morte por parte dos madeireiros, mas, no último dia 27, decidiram expulsar os invasores por conta própria, apreendendo equipamentos e maquinários usados no desmatamento ilegal”, ressalta o MPF.

Na requisição enviada às autoridades, o MPF alerta que há necessidade de atuação urgente por parte dos órgãos estatais competentes: “Muito embora a situação conflituosa já seja de conhecimento dos órgãos públicos, os relatos indicam ter havido agravamento no risco de conflitos, com resultados potencialmente graves e imprevisíveis”, conclui o documento.

Grupo de vigilância

Os Tembé mantêm um grupo de vigilância indígena na reserva e, mesmo assim, os invasores passaram a ameaçar aldeias da região, segundo o MPF. A Polícia Federal já tem um inquérito instaurado para apurar a extração ilegal de madeira na terra Alto Rio Guamá e chegou a fazer operação contra quadrilhas dentro da área, em maio, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do estado.

A reserva Alto Rio Guamá tem cerca de 280 mil hectares e abrange pelo menos três municípios do Pará. A área é de competência da União e é protegida por lei. Nela, vivem cerca de 1,8 mil indígenas.