O Globo, n. 31608, 20/02/2020. Economia, p. 19

No embalo do Pré-Sal: maior ganho da história

Bruno Rosa
Ramona Ordoñez


Embalada pela venda de ativos e pelo aumento da produção, a Petrobras registrou em 2019 o maior lucro de sua história: R$ 40,137 bilhões, uma alta de 55,7% em relação ao ano anterior. O desempenho ganhou fôlego com o salto nos ganhos do quarto trimestre, que avançaram 287,8% na comparação com igual período de 2018, par a R$8,1 bilhões. Os resultados foramdi vulgados no mom entoem que a companhia enfrenta um agre vede petrolei rosque chega hoje ao vigésimo dia elida comum ambiente de cautela no mercado de commodities diante do avanço do coronavírus.

Segundo analistas, o desempenho reflete a receita de gestão adotada pela empresa, de concentrar esforços na exploração e produção, principalmente do pré-sal, e de se desfazer de ativos considerados não estratégicos ou que poderiam ser mais bem operados pelo setor privado, como refinarias, gasodutos e fábricas. No quarto trimestre, a produção de petróleo e gás chegou a 3,02 milhões de barris por dia.

— A estratégia de ampliara participação de exploração em águas profundas (pré-sal) e de vender ativos foi determinante para esta melhora. Podemos considerar o desempenho excelente, já que o preço do petróleo mostrou queda nos últimos meses — ressaltou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

Segundo dados da consultoria Economática, o melhor resultado anual da Petrobras até então havia sido registrado em 2010, com R$ 35,2 bilhões. A companhia acumula agora o segundo ano seguido de ganhos após quatro anos de perdas na esteira dos escândalos de corrupção revelados pela Lava-Jato e do represamento dos preços de combustíveis praticado anteriormente.

Segundo a Petrobras, o lucro recorde foi motivado por ganhos de US$ 16,3 bilhões com a venda de fatia da BR Distribuidora na Bolsa, da rede de gasodutos TAG e de campos de petróleo. Estas receitas compensaram as maiores despesas financeiras com gerenciamento de dívidas, além de baixas contábeis de R$ 9,1 bilhões e o menor preço do barril de petróleo. O valor médio do Brent passou de US$ 71 por bar rilem 2018 para US $64 no ano passado.

Em carta a acionistas, Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, amenizou a venda de ativos da companhia. “Não se trata de discutir se a Petrobras será maior ou menor no futuro. Nossa meta é que no futuro seja muito melhor, a melhor em geração de valor no mundo”. Ele destacou as duas ofertas públicas secundárias de ações ordinárias da Petrobras de propriedade de bancos públicos que totalizaram quase R$ 30 bilhões. “Na última transação, de R$ 22 bilhões, dois aspectos importantes, a condução com sucesso em meio à fase de alta volatilidade de preços de ações e petróleo provocada pelo choque do coronavírus sobre a economia global; e a participação de 55.000 investidores individuais brasileiros”.

Uma das mais endividadas

Castello Branco comemorou a redução dos custos de extração, de US$ 3 por barril, chegando a um total de US$ 6,5 por unidade no quarto trimestre. Já as operações especificamente no pré-sal têm custo da ordem de US$ 3 por barril.

E, apesar do aumento de 27,6% nas exportações, a queda na cotação do barril reduziu a receita de vendas da empresa em 2,58% no ano passado, para R$ 302,245 bilhões. Além disso, o pagamento do bônus do leilão do excedente da cessão onerosa aumentou a dívida líquida da companhia, que somou R$ 317,867 bilhões no fim do ano passado, uma alta de 1,2% em relação ao fim do terceiro trimestre.

“A Petrobras continua a ser umadas companhias de petróleo mais endividadas do mundo, com dívida bruta de US$ 87,1 bilhões, alavancagem acima do recomendável para uma empresa de petróleo e custos elevados”, disse o presidente da empresa em nota.