O Globo, n. 31442, 07/09/2019. País, p. 10

PF prende Indio da Costa por fraudes nos Correios


O ex-deputado federal Indio da Costa foi preso na manhã de ontem pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Relator da Lei da Ficha Limpa e candidato à vice-presidente em 2010, na chapa derrotada de José Serra (PSDB), Indio foi alvo da Operação Post Off, deflagrada para apurar fraudes de pelo menos R$ 13 milhões nos Correios. A informação foi antecipada pelo blog de Lauro Jardim.

O superintendente dos Correios do Rio, Cléber Machado, indicado por Indio para o cargo, também foi preso. O ex-superintendente de São Paulo Marcos Venício também é citado na ação, mas não foi confirmado se ele teve a prisão decretada. No total, 12 pessoas foram presas e 25 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio, em Belo Horizonte e no estado de São Paulo.

O processo corre em sigilo na 7ª Vara da Justiça Federal em Florianópolis, Santa Catarina. A relação de presos não foi divulgada. A PF informou apenas que foram detidos agentes dos Correios, empresários e funcionários de empresas que eram utilizadas como “laranjas” pela organização criminosa.

O objetivo da operação foi desarticular esquema de fraudes na estatal. De acordo com o Ministério Público Federal, o grupo pagava propina a altos funcionários da empresa para facilitar o transporte de grandes volumes de cartas e encomendas comerciais sem o devido faturamento, gerando evasão de receita e prejuízos aos cofres da estatal.

As investigações também revelaram a participação de políticos, que indicaram nomes para superintendências da estatal de modo a viabilizar a fraude mediante o pagamento de altas quantias. Com o esquema montado, o grupo procurava grandes clientes dos Correios e oferecia preços melhores para que rompessem seus contratos com a estatal e passassem a ter suas encomendas postadas por meio de contratos mantidos pelas empresas da quadrilha com os Correios. Dez empresas participavam do esquema.

De acordo com o delegado Cristian Luz Barth, cargos negociados nos Correios tinham até valores:

— Havia cargos que custavam de R$ 200 a R$ 250 mil. Em nota, os Correios informaram que estão colaborando “plenamente” com as autoridades e que a empresa permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos. O advogado de Indio, Afonso Destri, disse que não comentaria a prisão porque não teve acesso à fundamentação. O GLOBO não conseguiu contato com a defesa de Machado. Os presos poderão responder por corrupção ativa e passiva, estelionato, concussão e organização criminosa.