Título: Acordo tenta destrancar a pauta
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/05/2005, O País, p. 5

A conflituosa relação entre o governo e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), poderá ter uma trégua. Severino, que vinha se recusando a fazer um acordo com o governo, concluiu que a paralisia da Câmara é desgastante até para ele. Ontem de manhã, chegou à Casa dizendo que não cabia a ele procurar o governo para discutir acordo sobre reforma tributária. Mais tarde, porém, pediu que o governo fixasse uma data para votar a reforma, que está provocando um impasse nas votações. À noite, o Planalto estipulou o prazo de 15 dias para votar a reforma.

¿ Entendimento não é paralisação, significa trabalho e trabalho é o que queremos. Vamos fazer a Câmara trabalhar. Sou eu quem tem que ser procurado, sou o presidente da Casa ¿ disse Severino de manhã.

¿ Se for um acordo com data certa, para que possamos confirmar à sociedade, não tenho dúvida de aceitar ¿ avisou ele, no início da tarde, abrindo caminho ao entendimento.

As respostas do governo a Severino chegaram pelo líder do PP, José Janene (PR), que participou de diversas reuniões no Palácio do Planalto.

Palocci e Aldo ajudaram a fechar acordo

O acordo foi feito em reunião entre os líderes governistas e os ministros Antônio Palocci (Fazenda) e Aldo Rebelo (Coordenação Política). A idéia é votar o texto da reforma aprovado no Senado. Serão feitos acertos em pontos polêmicos, por meio de supressão ou transferência para lei complementar. Com o acordo, o governo sai da obstrução e libera a base para votar as medidas provisórias que estão trancando a pauta da Câmara.

A relação entre Severino e o governo tem sido de desconfiança. Após perder ou ceder em votações importantes no primeiro mês da gestão Severino, o governo passou a usar o trancamento de pauta como tática para evitar a votação fatiada da reforma tributária. Com isso a pauta está trancada há um mês.