Correio Braziliense, n. 21402, 21/10/2021. Cidades, p. 15

Transmissão tem queda recorde

Ana Isabel Mansur


A taxa de transmissão da covid-19 no Distrito Federal — indicador que leva em conta a reprodução do novo coronavírus — alcançou o menor resultado desde 15 de maio, ontem: 0,87. O número demonstra que cada grupo de 100 pessoas com a doença é capaz de infectar, em média, outros 87 indivíduos. Valores abaixo de 1 indicam avanço mais lento da pandemia. Esse foi o segundo dia consecutivo em que o resultado referente aos contágios bateu recorde de queda. Na terça-feira, o registro ficou em 0,89 — até então, o menor desde 12 de julho.

A média móvel de casos da covid-19 no DF continuou em queda pelo sexto dia. Ontem, o resultado ficou 58,4% abaixo do verificado 14 dias antes. Essa foi a maior variação negativa para o indicador neste ano. O cálculo referente às mortes, porém, subiu ontem, após sequência de quatro dias de estabilidade (até 15% de diminuição ou aumento). O valor cresceu 16,9% em relação a duas semanas atrás. As médias móveis são avaliadas diariamente, a partir da soma dos registros dos últimos sete dias dividida por sete. Os números ajudam a comparar a evolução da pandemia considerando possíveis atrasos nas notificações.

Como a infecção pela covid-19 apresenta comportamento cíclico, espera-se que os registros da doença variem em espaços curtos de tempo. Há 13 dias, por exemplo, a taxa de transmissão estava em 1,15, e a média de casos e mortes apresentava alta. "O que eleva a curva de contágio são as aglomerações e falta do uso de máscaras. Por outro lado, as restrições de circulação e a vacinação diminuem essa curva. Aglomerações como as das manifestações de 7 de Setembro, da qual muitas pessoas participaram sem o item de proteção, inverteram a tendência de queda na qual estávamos e causaram alta duas semanas atrás", analisa Breno Aidad, pesquisador do Centro Universitário Iesb e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento.

O especialista destaca que o efeito em ondas da pandemia ocorre como reação em face de ações do poder público e da população. "Quando os números caem, o governo flexibiliza as medidas de segurança sanitária. Com esse afrouxamento, mais gente se contamina, e os casos voltam a subir. Mas, depois, quando pessoas que poderiam se infectar contraem a doença devido à rede de contato, a curva volta a descer, pois, ainda que não tenhamos mais tantas restrições, temos avançado na vacinação", completa Breno.

Boletim
Em 24 horas, o DF registrou mais 496 casos da covid-19 e 13 mortes provocadas pela doença. O total de infecções registradas desde março de 2020 subiu para 512.089, enquanto o de vidas perdidas chegou a 10.745. Dos novos óbitos notificados, cinco ocorreram ontem e quatro, na terça-feira. As quatro outras vítimas morreram entre 4 e 18 de outubro.

Ontem, a capital federal alcançou a marca de 2,23 milhões de habitantes imunizados com a primeira dose contra a covid-19. O número representa 86,6% da população apta a se vacinar no país — pessoas acima de 12 anos. Desse público, representado por 2,57 milhões de brasilienses, 1,5 milhão de pessoas (58,5%) receberam as duas aplicações ou o imunizante de dose única.