O Globo, n. 31491, 26/10/2019. Economia, p. 20

Bolsonaro convida chineses para megaleilão

Maria Cristina Fernandes


No último dia da visita de Jair Bolsonaro à China, o presidente fez um convite a empresas chinesas para que participem do megaleilão do petróleo, em novembro, e exaltou a relação bilateral. Bolsonaro e o presidente chinês, Xi Jinping, ainda assinaram oito protocolos ontem, no Salão do Povo, após uma cerimônia em que passaram em revista as tropas na Praça da Paz Celestial. Os principais protocolos envolvem carne bovina processada, farelo de algodão e energia renovável. — O Brasil é um mar de oportunidades para a China. Gostaria de convidara China a participar do leilão de cessão onerosa. Queremos agregar valora este intercâmbio —afirmou o presidente. Também foram firmados atos para facilitar trâmites nas aduanas, tornar regulares os contatos entre as chancelarias, para o intercâmbio de estudantesepara a liberação da Hidrelétrica de Xingu. Bolso na roa inda deu a Xi um casa codo Flamengo, dizendo que o time “é o melhor da atualidade”. A assinatura de um ato para incrementara presença chinesa no etanol brasileiro deve fi carpara novembro, quando Xi virá ao Brasil para a cúpula do Brics. A hospitalidade e os discursos durante a visita apresentaram o ritual da diplomacia chinesa a Bolsonaro. O presidente brasileiro reiteradamente disse aos dirigentes chineses que o Brasil mudou e quer refundar as relações coma China, e ouviu que Pequim quer prosseguir na rota aberta há 45 anos, com o estabelecimento da relação entre os dois países. — Há um futuro brilhante para a relação entre os dois países. São relações estratégicas e de longo alcance que nos unem —disse Xi. Ao ressaltarem o multilateralismo e a história de convergências de suas diplomacias, Xi, o primeiro-ministro, Li Keqiang, e presidente da Assembleia Popular, Li Zhanshu, deram um sinal de que buscamconfiança política mútua.

— O grande encontro aqui foi comercial, a política é caso acaso—disse Bolsonaro. — Perguntei a ele sobre sua relação com (Donald) Trump, e ele respondeu que é boa e respeitosa. Disse que cada um tem seu interesse. Nunca seremos 100% afinados( coma China), mas na questão econômica estamos fortes. Bolsonaro voltou afalar da Huawei. Ao chegarà China, dizer que a empresa “estava fora do seu radar”. Ao partir, disse que não tratou do tema com Xi e acrescentou que os americanos “também tinham interesse” no negócio eque o Brasil “aguarda a melhor proposta ”.