Correio Braziliense, n. 21390, 09/10/2021. Política, p. 4

Verba para ciência cai 87%.

Raphael Felice


A área de pesquisa no país sofreu mais um duro golpe: um corte de 87% no repasse da verba destinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A notícia pegou o setor de surpresa, pois muitos estudiosos e acadêmicos contavam com a verba para continuar desenvolvimentos em diversas áreas. A decisão, que partiu do Ministério da Economia, fez com que o orçamento da pasta dirigida pelo coronel Marcos Pontes caísse de R$ 690 milhões para apenas R$ 89 milhões — a equipe de Paulo Guedes, porém, afirma que a proposta orçamentária para 2022 devolverá os recursos.

Diante do impacto da supressão quase completa de recursos, entidades ligadas à pesquisa e à ciência — entre elas a Academia Brasileira de Ciência, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) — encaminharam ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nota conjunta de protesto contra a decisão da Economia, que teria proposta por Guedes. “A modificação do PLN 16, feita na última hora, pela Comissão Mista do Orçamento do Congresso Nacional, atendendo a ofício enviado ontem pelo ministro da Economia, subtrai os recursos destinados a bolsas e apoio à pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações e impossibilita projetos já agendados pelo CNPq. É um golpe duro na ciência e na inovação, que prejudica o desenvolvimento nacional. E que caminha na direção contrária da Lei 177/2021, aprovada por ampla maioria pelo Congresso Nacional”, cobraram as entidades de pesquisa.

Na noite de quinta-feira, Pontes marcou presença na tradicional live de Bolsonaro. Na oportunidade, afirmou que a área é essencial para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, e que é exatamente esse setor que diferencia as nações daquelas que estão em estágio mais avançado. Disse, ainda, que algumas áreas precisavam de um maior investimento e chegou a fazer um pedido ao presidente, em tom bem-humorado, para que liberasse mais recursos para área.

“Gostaria de contar com a sua ajuda, presidente”, disse, tímido. Bolsonaro apenas riu e acrescentou que Pontes estava “aprendendo a virar político”. Os dois novamente estiveram juntos, ontem, na 1ª Feira Brasileira de Nióbio, em Campinas (SP), onde o presidente foi hostilizado também por ter vetado o trecho do projeto de lei que propunha a distribuição de absorventes higiênicos para mulheres carentes.

Leia em: https://www.cbdigital.com.br/correiobraziliense/09/10/2021/p4