Correio Braziliense, n. 21390, 09/10/2021. Política, p. 3

Bolsonaro: indicação ao STF vira problema

Ingrid Soares


O presidente Jair Bolsonaro disse, ontem, que a indicação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, ao Supremo Tribunal Federal (STF), é um "problema sério". Isso porque, conforme afirmou, "tem corrente" que não o quer no cargo. Ele apontou, ainda, que recebe "recado" de interessados na indicação para a cadeira do Supremo e que oferecem em troca favores ao governo como a "resolução da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid".

"Temos um problema sério pela frente. Indiquei um excepcional jurista, que é evangélico também, para o Supremo, e tem corrente que não quer ele lá. Quer impor e chega recado: 'A gente resolve CPI, a gente resolve tudo, me dê a vaga do Supremo'. Isso sempre houve, nós começamos a mudar", disse, em discurso na 1ª Feira Brasileira de Nióbio, em Campinas (SP).

Sobre o processo eleitoral de 2022 — que ameaçou ao dizer, há algumas semanas, que poderia não ocorrer caso o voto impresso não fosse adotado —, garantiu que "não vai ter sacanagem". "No ano que vem tem eleições, vamos renovar, prestigiar quem fez um bom trabalho e renovar. Pode ter certeza que não vai ter sacanagem nas eleições. Convidaram as Forças Armadas, nós aceitamos e vamos participar de todo o processo eleitoral. Vamos acabar com a suspeição", apontou.

No último dia 4, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que a Corte tem todo o interesse de preservar a democracia e garantir um resultado transparente e, por causa disso, constituiu uma comissão para conferir a lisura das urnas eletrônicas e incluiu militares. O ministro garantiu confiar no processo eleitoral brasileiro e afirmou que a questão do voto impresso é um "defunto enterrado".

Convite do PTB
Ainda sobre as eleições, ontem dirigentes do PTB formularam um convite formal a ser enviado ao presidente para sua filiação. A carta também abrange a filiação de deputados, senadores, líderes estaduais e municipais que queiram ingressar no PTB.
Em reunião na última semana, a vice-presidente nacional do PTB, Graciela Nienov — representando o presidente da sigla, Roberto Jefferson, que está preso — e os 26 presidentes de diretórios estaduais decidiram redigir um documento com a assinatura de todos os presidentes estaduais da legenda em incentivo à filiação de Bolsonaro. Em nota, o partido afirma que o partido "está unido, forte, robusto" e pronto para receber o presidente.

Porém a filiação de Bolsonaro ao Progressistas é dada como certa por membros da legenda. Para a sigla, a vinda do presidente se torna benéfica por conta do potencial de crescimento da bancada no Congresso, o que aumentaria as verbas do fundo partidário e eleitoral, além de conquistar mais tempo de propaganda eleitoral da TV e rádio no próximo ano.

Para o presidente, o desembarque no PP significa maiores chances de reeleição. Apesar de oficialmente o assunto não ser comentado por Bolsonaro, interlocutores afirmaram ao Correio que cerca de 90% dos membros já aceitaram a chegada do presidente e que, para chegar a 100%, "problemas regionais estão sendo ajustados". O principal padrinho da ida do presidente para a legenda é o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.

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