O Estado de S. Paulo, n. 46918, 02/04/2022. Economia & Negócios, p. B5

Marinha e Defesa ‘protegem’ de Guedes a Nuclep e a ABGF

Amanda Pupo


Localizada no Rio, a Nuclep é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas tem uma ligação estreita com a Marinha, principalmente pela construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do País. Esse braço das Forças Armadas tem, inclusive, um de seus quadros da reserva no comando da Nuclep, que é presidida pelo contra-almirante Carlos Henrique Silva Seixas.

Esse e outros negócios, no entanto, não dão conta de tornar a empresa financeiramente sustentável. Segundo o Ministério da Economia, a Nuclep precisou receber R$ 223,4 milhões do Tesouro em 2020. Mesmo assim, encerrou o ano com resultado negativo. Na mira da desestatização, a empresa decidiu se aventurar em mais um setor e agora investe na produção de torres de transmissão de energia. Para a equipe de Guedes, o novo negócio foi uma forma de tentar reverter o fechamento de suas portas. Diante desse cenário, o time de Guedes vê a desestatização da Nuclep cada vez mais distante.

Comércio Exterior. No caso da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), o Ministério da Economia ainda tem esperança de conseguir uma vitória. O futuro da estatal está diretamente ligado à solução que o governo quer dar aos entraves na concessão de seguro de crédito à exportação. Quase três anos após a entrada da ABGF no Programa Nacional de Desestatização (PND), dois cenários se desenham, segundo apurou o Estadão/broadcast: em um, a ABGF seria incorporada pela Caixa e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ideia que tem mais simpatia de integrantes da equipe econômica. Em outro, se criaria um fundo financeiro sob a estrutura da ABGF, opção que salvaria a estatal e é apoiada pelo Ministério da Defesa.

A pasta comandada pelo general Walter Braga Netto, especulado como candidato a vice de Bolsonaro, quer preservar a empresa em razão da importância do seguro de crédito à exportação em equipamentos de defesa. / A.P.

Aporte

R$ 223,4 mi

Foi quanto o Tesouro Nacional injetou na Nuclep em 2020, segundo relatório das estatais do Ministério da Economia, mas mesmo assim a empresa fechou aquele ano com as contas no vermelho