O Globo, n. 31508, 12/11/2019. País, p. 6

Presidente: Lei de Segurança Nacional ‘está aí’ para Lula


O presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode usar a Lei de Segurança Nacional contra o ex-presidente Lula por causa de suas declarações em público desde que ganhou a liberdade, na última sexta-feira. Bolsonaro disse que vai acionar a Justiça quando tiver “certeza” de que Lula “está nesse discurso para atingir os seus objetivos”.

“Temos uma Lei de Segurança Nacional que está aí para ser usada. Alguns acham que os pronunciamentos, as falas desse elemento, que por ora está solto, infringem a lei. Agora, nós acionaremos a Justiça, quando tivermos mais do que certeza de que ele está nesse discurso para atingir os seus objetivos”, disse, em entrevista ao site Antagonista publicada ontem.

Lula tem criticado Bolsonaro, seu governo, a Lava-Jato e a imprensa. A lei citada por Bolsonaro, de 1983, define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, que “lesam ou expõem a perigo de lesão” a “integridade territorial e a soberania nacional”, o regime democrático, a Federação, o estado de direito e “a pessoa dos chefes dos Poderes da União”. A pena pode chegar a 20 anos de reclusão.

Na entrevista, Bolsonaro também citou os protestos que aconteceram no Chile e a volta da “turma da Cristina (Kirchner)”, na Argentina. “Você pode ver no Chile, o presidente (Sebastián) Piñera demitiu todos seus ministros, pediu perdão e continua a mesma coisa. Na Argentina, não houve nenhum badernaço, porque já era uma tendência a turma da Cristina voltar ao poder como voltou. Então, acredito que não tenha problema. Agora tem que se preparar porque, na América do Sul, o Brasil é a cereja do bolo. Se nós aqui entrarmos em convulsão, complica a situação”.

Segundo Bolsonaro, mensalão e Lava-Jato “foram um obstáculo” para a “tentativa insana de poder absoluto” da esquerda no país.

Doria e o Fla-Flu

Com sua chance eleitoral espremida diante de uma polarização entre Bolsonaro e Lula, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ontem que torce por um esgarçamento do clima de “FlaFlu” no país até a eleição de 2022. A torcida não é à toa. O tucano tem planos de viabilizar-se como uma terceira via na disputa presidencial. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ele defendeu que haverá espaço para candidatos ponderados e criticou a condução das candidaturas de centro na eleição de 2018.