Correio Braziliense, n. 21387, 06/10/2021. Política, p. 4

Movimentação de R$ 117 milhões em 2 anos



A CPI da Covid já tem mapeado que a VTCLog movimentou, em transações consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Desse valor, quase R$ 5 milhões foram movimentados por Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy que trabalha a serviço da empresa e que foi ouvido pela comissão em 1º de setembro.

A CPI tem evidências de que ele realizou, em maio e junho deste ano, pagamento de boletos em nome do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, na agência da Caixa Econômica Federal do Aeroporto Internacional de Brasília. Somados, os valores totalizariam R$ 47 mil.

Questionado sobre o assunto, o sócio-adminstrador da VTCLog, Raimundo Nonato Brasil, negou que a empresa tenha pago as passagens para o ex-diretor. "Fui informado pela diretoria que o senhor Dias é cliente da Voetur Turismo e comprou algumas passagens aéreas e realizou pagamentos via depósito bancário e em dinheiro. Os boletos pagos em dinheiro, o financeiro encaminhou para que os boletos fossem liquidados", disse.

Durante o depoimento, Raimundo Nonato salientou que não tinha várias informações solicitadas pelos senadores e que não participava diretamente das tratativas com órgãos públicos. Por causa disso, depois do recesso, foi auxiliado nas respostas por Andréia Lima, diretora da VTCLog — que quase todo o tempo reforçou as versões dadas pelo empresário.

Entre as decisões de ontem, a CPI deu 48 horas para que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, explique as razões pelas quais a pasta comprará, em 2022, apenas vacinas contra a covid-19 que tenham obtido o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso excluiria a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, e a da Janssen — restariam apenas a da Pfizer e a da Fiocruz-AstraZeneca.

Para hoje, está agendado o depoimento do presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello, que deverá prestar esclarecimentos sobre as denúncias relacionadas à Prevent Senior trazidas à comissão na oitiva da advogada Bruna Morato, semana passada. (JV e RF)