O Globo, n. 31540, 14/12/2019. País, p. 12

Maranhão tem o quarto índio assassinado em 43 dias



Mais um indígena foi assassinado ontem no Maranhão, o quarto em menos de um mês e meio. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a vítima foi identificada como Dorivan Soares Guajajara, de 28 anos, e morava na Terra Indígena Arariboia. Ele era da mesma etnia que os outros índios assassinados recentemente na região.

A informação da Funai diverge dos dados divulgados pela Polícia Civil do Maranhão. Segundo a corporação, o assassinato registrado foi de Erisvan Soares Guajajara, um adolescente de 15 anos. Ele foi morto junto com Roberto do Nascimento Silva, um não-indígena.

O caso ocorreu na Vila Industrial, na cidade de Amarante. Policiais se deslocaram até o local do assassinato para periciar os corpos e ouvir testemunhas. Segundo os agentes, a morte não teria relação com episódios anteriores e "a suspeita é que a situação tenha se originado de uma briga entre ele (Dorivan) e o outro rapaz". A Funai divulgou nota afastando a possibilidade do crime ter sido motivado por crime de ódio e disputa por madeira ou terras.

A região onde Dorivan foi encontrado é marcada pela tensão entre índios e madeireiros. As mortes de indígenas no estado começaram em novembro, quando Paulo Paulino Guajajara foi morto a tiros — ele integrava um grupo conhecido como "guardiões da floresta", que tentava impedir a invasão de terras indígenas.

No sábado passado, outros dois índios da etnia guajajara foram mortos em um atentado no município de Jenipapo dos Vieiras (MA). O caso levou o ministro da Justiça Sergio Moro a enviar a Força Nacional para a região.