O Globo, n. 31513, 17/11/2019. Mundo, p. 37

Confrontos deixam oito mortos na Bolívia


Uma série de confrontos entre produtores de coca e forças de segurança nas cidades de Sacaba e Cochabamba, na Bolívia, levou à morte de oito pessoas desde a sexta-feira, com mais de 100 feridos, de acordo com autoridades locais. Segundo o ouvidor regional de Cochabamba, a maior parte das pessoas atendidas apresentava ferimentos armas de fogo. Para ele, foi um “ato de repressão”. O ex-presidente Evo Morales, que está asilado no pelo Twitter,“às Forças Armadas e à polícia que parem o massacre ”.“O uniforme das instituições da pátria não pode ser manchado com o sangue do nosso povo”, escreveu o ex-presidente na rede social. A presidente autoproclamada, Jeanine Áñez acusa Morales de fomentar a diz que se ele voltarà Bolívia terá que“ar carcomas responsabilidades” legais. Desde a contestada eleição presidencial do dia 20 de outubro, ponto central dos distúrbios, morreram 19 pessoas na Bolívia. Nas três primeiras semanas de protestos, as manifestações eram organizadas majoritariamente por opositores de Morales. Desde domingo, porém, após a renúncia, são os simpatizantes do ex-presidente que saem às ruas em várias regiões do país.

CRÍTICAS INTERNACIONAIS

As notícias da violência na Bolívia levaram a uma onda de críticas à atuação das forças de segurança. Em comunicado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou o “uso desproporcional da força policial e militar”, acrescentando que “as armas de fogo devem ser excluídas dos dispositivos utilizados para controlar os protestos sociais”. Pelo menos 18 organizações sociais bolivianas pediram à comissão que envie representantes ao país para apurar denúncias de abusos cometidos nas ruas.

Na mesma linha, a Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, denunciou “o uso desnecessário e desproporcional da força pela polícia e pelo Exército ”, que pode levara situação na Bolívia a “sair do controle”.

“Condeno essas mortes. Trata-sede um desenvolvimento extremamente perigoso, pois longe de apaziguara violência, é possível que a agrave”, afirmou Bachelet em comunicado, acrescentando que, para ela, “em uma situação como esta, as ações repressivas por parte das autoridades avivam a ira e podem colocar em risco qualquer caminho de diálogo”.

A Alta Comissária ainda expressou preocupação como alto número de detidos, mais de 600 desde o mês passado, e pediu números atualizados sobre os presos, feridos e mortos nas últimas semanas.

No final da tarde, a CIDH condenou um decreto emitido pela presidente autodeclarada Jeanine Áñez que, na visão da instituição, pretende eximir de responsabilidade os militares que participem de operações nas ruas. A instituição afirma que o texto "estimula a repressão violenta".