O Globo, n. 31470, 05/10/2019. Economia, p. 23

Impacto da manutenção do abono chegará a R$ 10 bilhões em 2029

Manoel Ventura


A decisão do Senado de manter o abono salarial para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos terá um impactodeR$76,4bilhõesem uma década, e esse gasto será crescente conforme o passar dos anos. A Casa suprimiu do texto da reforma da Previdênciaapartequelimitavaobenefício a quem ganha até 1,3 mínimo, mantendo as regras atuais (até dois salários). Não haverá impacto em 2020, porque o abono é baseado nos meses trabalhados no ano anterior. Portanto, em 2020, os trabalhadores já teriam o direito adquirido. Essa é outra despesa indexada pela variação do salário mínimo. A conta começa a ser paga em 2021, R$ 3,8 bilhões, até chegar a R$ 10,5 bilhões em 2029. O cálculo considera a diferença em relação ao que seria gasto se o benefício tivesse sido limitado conforme proposto na reforma da Previdência. — Os trabalhadores mais pobres, os que não têm carteira assinada, não têm direito ao abono. O benefício não está protegendo o mais pobre, é injusto. Deveria ser desvinculado da variação do salário mínimo — afirma a professora da UFRJ e da Coppead Margarida Gutierrez. O abono funciona como um 14º salário para o trabalhador. Segundo contas do site Trabalho Hoje, feitas em fevereiro, 23,4 milhões de trabalhadores ganham entre 1,5 e 2 salários mínimos e seriam afetados se amudançanoabono,proposta na reforma da Previdência, fosse aprovada.