O Estado de S. Paulo, n. 46923, 07/04/2022. Política, p. A12

Bolsonaro cresce 4 pontos após saída de Moro



A primeira pesquisa Xp/ipespe de intenção de votos para a Presidência sem Sérgio Moro (União Brasil) entre os possíveis concorrentes, divulgada ontem, aponta que o porcentual de intenções de votos do ex-juiz (9%, em março) foi redistribuído entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), o maior beneficiado, Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve o patamar do levantamento anterior.

Segundo a pesquisa, Lula mantém a liderança com 44% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 30%, Ciro com 9%, Doria com 3% e Simone Tebet, com 2%.

Em relação à pesquisa anterior, divulgada em 25 de março com Moro entre os concorrentes, Bolsonaro subiu quatro pontos, de 26% para 30% – seu melhor desempenho registrado pelo instituto. Os demais oscilaram dentro da margem de erro, de 3,2 pontos porcentuais para mais e para menos. Ciro foi de 7% para 9%; João Doria, de 2% para 3%; e Simone de 1% para 2%. Indecisos e os que pensam em votar nulo ou branco também oscilaram positivamente, de 9% para 12%.

Campo. Para o cientista político José Álvaro Moisés, a redistribuição das intenções de votos do ex-juiz para Ciro e Doria não gera um impacto capaz de recolocar a possibilidade eleitoral destes pré-candidatos. Já no caso de Bolsonaro, segundo Moisés, o aumento é mais nítido e representaria o contingente de eleitores que apoiavam o presidente, mas estavam descontentes com seu governo e viram em Moro uma saída.

"Desde o início os eleitores do Moro eram eleitores que provavelmente votaram no Bolsonaro em 2018 e, agora, com uma visão crítica, estavam mudando de posição, mas não mudando o campo político ideológico ao qual eles pertencem", disse. "O que os dados estão mostrando é que a migração mais importante ocorre dentro do próprio campo da direita", completou.

A cientista política Graziella Testa, professora da Fundação Getulio Vargas, entende que o crescimento de Bolsonaro não deve ter como única causa a saída de Moro da disputa. Segundo ela, a instituição do Auxílio Brasil e a melhora dos dados da pandemia ajudam no aumento da aprovação ao governo entre os mais pobres, que mudam o jeito como enxergam a sua realidade.

Ainda assim, ela entende que a saída de Moro fortalece a candidatura de Bolsonaro, primeiro por ser uma competição no campo da direita, depois pelo fato de o ex-juiz ser um ex-apoiador do presidente. "A presença de Moro em 2018 foi um fator que não pode ser desconsiderado. Isso pode significar que uma parte do eleitorado que apoia Moro não desgosta de Bolsonaro".