O Estado de S. Paulo, n. 46859, 02/02/2022. Política, p. A9

União Brasil já enfrenta 'queda de braço' entre alas do PSL e do DEM

Lauriberto Pompeu


 

Quatro meses após ser anunciado como resultado da fusão entre DEM e PSL, o União Brasil enfrenta uma disputa de poder "queda de braço" pela definição de quem dará a última palavra em acordos regionais e nas alianças para a eleição presidencial. Enquanto setores do PSL querem que o novo partido apoie a pré-candidatura do exministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), dirigentes do DEM, como ACM Neto, preferem investir na construção de palanques estaduais. Uma ala do DEM tem resistências a Moro por causa de sua atuação como juiz na Operação Lava Jato.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) admitiu haver desencontros entre o DEM e o PSL. "O DEM tem uma cultura de decisão, de encaminhamento, de ser bem orgânico, de discutir muito 'interna corporis'. O PSL tem uma história de decisão mais monocrática", disse.

Apontado no ano passado como provável presidenciável do DEM, Mandetta é agora lembrado como candidato a vice, embora não se saiba para qual chapa. Na avaliação do ex-ministro, a expectativa é que as diferenças sejam ajustadas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologar a criação do União Brasil, o que é previsto para este mês.

Estados. A definição do comando de diretórios, entretanto, ainda provoca embates em Estados como Rio, Ceará e Distrito Federal. No maior deles, São Paulo, o aval do novo partido é cobiçado pelo governador João Doria (PSDB). Em dezembro do ano passado, o União Brasil declarou apoio ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de Doria ao Palácio dos Bandeirantes. Hoje, as secretarias de Transportes e de Governo estão nas mãos de indicados do DEM.

A decisão em São Paulo pode parecer um empecilho para o União Brasil e Moro ocuparem o mesmo palanque no Estado, uma vez que o ex-ministro já manifestou simpatia pela candidatura do deputado Arthur Do Val (Podemos) ao governo. Mas, para o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), que atua como coordenador informal da campanha de Moro em São Paulo, esses desencontros são normais. Bozzella é entusiasta da pré-candidatura de Moro e quer que ele migre para o União Brasil. 

Recursos

R$ 1 bilhão

é o valor aproximado que União Brasil terá de recursos públicos para as eleições