O Globo, n. 31524, 28/11/2019. Sociedade, p. 33

Em 90 dias, óleo já atingiu 779 praias, diz Ibama
Rafael Garcia


Hoje se completam 90 dias desde que quatro praias de Pitimbu e Conde, na Paraíba, amanheceram com manchas de óleo. Foi o início do derramamento que, nos últimos 3 meses, se expandiu para 779 praias e localidades em 2.250 km de extensão de costa do Brasil, em todos os estados do Nordeste e o Espírito Santo. A conta oficial do Ibama ainda não inclui praias de São João da Barra e Itabapoana, no estado do Rio, onde pequenos fragmentos de óleo desaguaram no último dia 22.

Após os nomes de pelo menos oito navios suspeitos terem emergido das investigações, a Marinha ainda não anunciou ter certeza sobre a origem do derramamento. Oficialmente, a busca ainda abrange mais de 30 embarcações conhecidas ou navios fantasmas.

O Ibama já recolheu 143 animais que desaguaram nas praias, 102 dos quais já estavam mortos. Não há ainda um levantamento oficial sobre o impacto do derramamento na saúde humana, mas a Fiocruz estima que metade das 144 mil famílias de pescadores do Nordeste tenha sido afetada de alguma maneira, bem como voluntários dos trabalhos de limpeza e frequentadores das praias atingidas.

Segundo o Ibama, em 310 das praias afetadas, as últimas vistorias não encontraram sinais visíveis do óleo, mas a indústria do turismo espera ter demanda afetada mesmo em locais já limpos.

A avaliação do impacto do óleo na segurança alimentar não é unânime. Uma amostra de pescado e frutos do mar coletada em 20 locações ao longo do Nordeste não apresentou níveis de toxicidade preocupantes para consumo humano em análises da PUC-Rio. No entanto, os próprios pesquisadores ressaltam que a quantidade analisada foi pequena e de pouca abrangência.